“Josephine Explica a Escoliose” é o nome da campanha que pretende sensibilizar pais e filhos para a escoliose pediátrica, a principal doença degenerativa da coluna em crianças e adolescentes. A iniciativa é coordenada pelo médico alcobacense João Campagnolo.
“Josephine Explica a Escoliose” é o nome da campanha que pretende sensibilizar pais e filhos para a escoliose pediátrica, a principal doença degenerativa da coluna em crianças e adolescentes. A iniciativa é coordenada pelo médico alcobacense João Campagnolo.
O ortopedista realça a importância de dar a conhecer o tema a toda a comunidade, no sentido de aumentar o número de diagnósticos precoces, considerando que a escoliose pediátrica é um tema que necessita cada vez mais da atenção dos portugueses. “A escoliose afeta 3% a 4% das crianças e manifesta-se maioritariamente no pico de crescimento da adolescência.
Embora menos de 1% possa vir a necessitar de intervenção cirúrgica, é uma doença que não deve ser ignorada pelos pais”, revela o médico que trabalha há 13 anos no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, ao REGIÃO DE CISTER.
O papel dos pais é imprescindível no diagnóstico, mas a dificuldade em comunicar com os adolescentes ou até de conseguir identificar alterações corporais nos filhos dificulta a tarefa. “Os adolescentes são mais reservados e evitam expor-se. Por vezes, recebemos pais que ficam chocados quando vêem a evolução da deformação, porque é raro verem os filhos sem roupa”, analisa João Campagnolo.
É nesta faixa etária que a campanha se torna ainda mais pertinente. Através de ações de sensibilização, partilha de experiências entre doentes e dinamização de atividades do tipo pergunta/resposta, a equipa esclarece os jovens e progenitores sobre o tema sem obrigar à exposição.
“Através do projeto as pessoas podem procurar informação, sem vergonha e entender que este é um problema que afeta outras pessoas. Veicular informação correta é um importante impulso para que estes jovens tomem a decisão de procurar ajuda especializada”, revela o médico.
No entanto, o tempo de espera para o tratamento desta doença é de aproximadamente ano e meio e tornou mais longo devido à pandemia. Segundo João Campagnolo, a decisão de submeter a criança a uma cirurgia é sempre “penosa”, uma vez que envolve riscos elevados. “Os pais precisam de ter confiança no trabalho do profissional e isso é conquistado com provas de competência do médico e diálogo”, afirma.
Também a questão económica influencia, mais vezes que o desejado, os tratamentos. “Um colete pode custar até 800 euros e muitas famílias não têm possibilidades para adquirir de forma autónoma. Têm de aguardar a comparticipação do Estado e num espaço de quatro meses a doença pode evoluir bastante”, revela, sublinhando que também os internamentos em regime pós-operatório são longos e dispendiosos.
“É preciso falar da escoliose pediátrica e incentivar ao rastreio precoce. É importante erradicar a ideia de que é apenas um ligeiro desvio na coluna e que não afeta a qualidade de vida”, conclui o alcobacense.
A iniciativa de sensibilização, lançada em 2016, conta com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Portuguesa de Pediatria e com o apoio da Medtronic, empresa de dispositivos médicos.