Quem se desloca à Taberna e mercearia do Abel, em pleno centro da Pederneira, poderá beber um café, levar aquele produto de primeira necessidade que está em falta em casa e ainda assistir a um espetáculo de magia e comédia. É que na única taberna que ainda persiste na Pederneira, Abel Calixto brinda regularmente os clientes com truques de magia e com anedotas, garantindo que naquela casa não faltam as histórias e as gargalhadas.
“Comecei este negócio com a minha mulher há 43 anos. O espaço ia ser trespassado e decidimos comprar”, conta ao REGIÃO DE CISTER Abel Calixto, que deixou a profissão de construtor civil para se dedicar à taberna e à mercearia. “Acordo todos os dias pelas 5 da manhã para abrir portas às 6:30 horas”, revela o empresário, que partilha o negócio com a mulher Maria Adília Calixto. O casal vive na casa por cima da taberna e mercearia.
Assim que abre o estabelecimento, os primeiros clientes não demoram a chegar para comprar pão e “marmita” para o lanche da manhã. “Há pessoas que diariamente vêm aqui e este é um estabelecimento feito pelas pessoas que o frequentam”, sublinha o pederneirense, relembrando amigos do concelho de Alcobaça que ali se deslocam frequentemente.
Apesar de vender vários cafés, copos de vinho e produtos essencias de mercearia, o proprietário lamenta que os tempos de hoje já não sejam os de antigamente. “Hoje em dia já vendemos muitos menos, as pessoas já não têm dinheiro e consomem muito pouco”, desabafa Abel Calixto, de 71 anos, recordando os tempos em que ainda vendia fiado. “Eram épocas diferentes e era tudo muito boa gente, fossem de cá ou fossem trabalhadores de fora que aqui vinham regularmente”, nota.
O estabelecimento, sobejamente conhecido por pederneirenses, nazarenos e até palecos, guarda também memórias familiares. “Foi aqui que cresci, a jogar à bola na rua e a brincar com os meus amigos. Fiz amizades para a vida”, revela Silvano Calixto, filho de Abel, que de vez em quando dá uma ajuda aos pais. A Taberna e merceraria do Abel foi ainda palco de jogos de sueca, damas e outros jogos tradicionais.
O pederneirense diz não temer os tempos de crise que aí possam vir e assegura que enquanto puder vai continuar a tirar cafés e a servir copos de vinho aos clientes de sempre.
“Aqui os clientes são tratados pelo nome”, assevera o dono do estabelecimento que tem ainda a particularidade de ser a última taberna em atividade na Pederneira. Certo é que quem lá passa não passa sem conhecer um dos truques e anedotas que Abel Calixto tem sempre na “manga”. Mesmo quando a visita é do REGIÃO DE CISTER.