A história de Sílvia Machado é a prova de que “a necessidade aguça o engenho”. Aos 43 anos, a alfeizerense desenvolveu a aplicação móvel “AVATAG” que permitirá identificar alimentos, roupas, medicamentos e vários outros objetos, facilitando a vida a milhares de invisuais.
A história de Sílvia Machado é a prova de que “a necessidade aguça o engenho”. Aos 43 anos, a alfeizerense desenvolveu a aplicação móvel “AVATAG” que permitirá identificar alimentos, roupas, medicamentos e vários outros objetos, facilitando a vida a milhares de invisuais.
Natural de Casal do Amaro, na freguesia de Alfeizerão, Sílvia Machado tem uma incapacidade visual de 86%, estando por isso reformada por invalidez. A residente em Aveiro foi afetada pela cegueira já em idade adulta, recorrendo a uma bengala e já não conseguindo ler.
A ideia para a aplicação surgiu no decorrer de um curso de empreendedorismo do Instituto do Emprego e Formação Profissional. “Acredito que na vida nada é por acaso e devemos procurar soluções e não problemas. Em conversa com outras pessoas comecei a delinear este projeto que considero ser muito pertinente para a sociedade”, explica a alfeizerense ao REGIÃO DE CISTER.
A aplicação “AVATAG” foi criada há cerca de um ano e faz a leitura, edição e partilha de informação das etiquetas interativas com inscrição em braille. A conexão entre o dispositivo móvel e a etiqueta é estabelecida através de leitura por comunicação por campo de proximidade. De acordo com a responsável, este é um produto direcionado aos cerca de 200 mil deficientes visuais identificados em Portugal, onde se incluem todos os que têm uma incapacidade visual depois de corrigida igual ou superior a 60%. “A independência para um cidadão deficiente visual é um desafio enorme e a aplicação pretende facultá-la, mas também incluir a restante comunidade”, assegura. De resto, o projeto pretende incluir o cidadão “normal” através da partilha de informação e debate de ideias. “A informação não é estática e a aplicação permite a criação de uma rede onde todos podem partilhar informação extra e, deste modo, tornar mais eficaz a ferramenta”, esclarece.
A “app” será gratuita e o consumidor apenas terá de comprar as etiquetas interativas. “Não fazia sentido cobrar o uso da aplicação. Os deficientes visuais são, por norma, pessoas muito ‘remediadas’ e acredito que devemos promover a entreajuda e não comercializá-la”, sublinha Sílvia Machado.
Embora ainda esteja na fase inicial, o projeto foi já contemplado no âmbito do programa “Parcerias Para o Impacto” da Portugal Inovação Social, mas ainda não chegou ao mercado porque lhe falta um investidor. “Estamos em contacto com potenciais investidores, mas ainda é tudo muito prematuro. Todavia, é notório o apoio e interesse das pessoas”, declara.
Enquanto a “AVATAG” não está disponível, o foco de Sílvia Machado é aumentar a notoriedade nas plataformas digitais. “Sou muito leiga nesse campo e felizmente tenho recebido o apoio de pessoas fantásticas. Queremos criar uma comunidade para aliciar o interesse de investidores”, nota a empresária, que prefere o título de “mãe a tempo inteiro”.