Há um rosto pintado no junco que evoca lendas encantadas de outrora e que ornamenta originais cestas produzidas pelas habilidosas mãos de artesãos, mesmo ao lado do Mosteiro de Santa Maria de Coz.
Há um rosto pintado no junco que evoca lendas encantadas de outrora e que ornamenta originais cestas produzidas pelas habilidosas mãos de artesãos, mesmo ao lado do Mosteiro de Santa Maria de Coz.
A Moura de Coz é o mais recente projeto do espaço Coz’ART, uma iniciativa do Centro de Bem-Estar Social (CBES) da Freguesia de Coz que procura revitalizar a ancestral arte de trabalhar o junco.
A nova “marca” surgiu depois de lançado o desafio a Sofia Pinto Correia. A designer de moda estava a participar numa visita ao Mosteiro de Santa Maria de Coz, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, quando foi desafiada por Eurico Leonardo, um dos responsáveis do Coz’ART, “para, a partir de uma tela em junco, experimentar decorações alternativas”, conta Alda Gomes, diretora técnica do CBES.
O resultado foi o rosto de uma personagem criada a partir da fantasia das mouras encantadas. “A resposta da artista surpreendeu-nos com um trabalho delicado e alternativo”, explica Eurico Leonardo, para quem “o rosto criado, a sensibilidade do olhar e a magia, vêm trazer novidade, conquista e novo rumo para uma arte antiga crescer, inovar e chegar a outro público”.
A Moura de Coz vem dar uma lufada de ar fresco às criações do espaço Coz’ART, lançado em 2015 como projeto de empreendedorismo social, com vista à inclusão social e que aposta na revitalização de uma arte centenária da freguesia, ao mesmo tempo que pretende a formação de novos artesãos na área da cestaria.
“Neste trabalho estão envolvidos os artesãos que tecem a esteira para depois Sofia Pinto Correia aplicar as suas técnicas”, esclarece Alda Gomes, que sublinha a preocupação do projeto “em procurar parcerias que tragam inovação às cestas”.
Foi isso que aconteceu com o alemão que sugeriu uma cesta diferente da tradicional, e que a Coz’ART adotou desde então, ou com uma família numerosa que precisava de uma versão gigante da cesta onde pudesse caber um enorme tacho para um piquenique. Dali resultou a maior cesta que se comercializa no mercado.
E não se pense que das mãos habilidosas de Coz saem apenas cestas. Há ceiras, mochilas, floreiras, ecopontos, cestas do pão ou revestimento para garrafas e garrafões, numa grande panóplia de peças utilitárias e decorativas.
Para a diversidade também contribuíram os alunos da Escola Superior de Artes de Caldas da Rainha. “Ao desafiá-los, percebemos que o céu é o limite”, lembra a diretora técnica.
Desde a apanha do junco, no Alentejo ou no Ribatejo, até ao produto final, são horas, dias e semanas de trabalho, mas o esforço compensa. “O mercado tem reagido muito bem”, reconhece Alda Gomes, ciente do enorme travão que a pandemia veio dar à produção da cestaria nos últimos meses.
O projeto, que é 100% de cariz social, continua a aceitar novas ideias e novos parceiros e até novas formas de trabalhar o junco. Sempre a pensar no futuro da velhinha arte que Coz faz questão de manter viva.