Apesar de alguns “militares” de fantasia no Rossio de Alcobaça, aqui a luta era muito mais benfazeja que a vergonha e a matança que invade a Ucrânia e que, mesmo assim, não nos põe a concordar com uma coisa tão simples quanto a paz. Sim, todos são maus, desde a Casa Branca ao Kremlin, sempre foram, sempre serão, mas nunca houve tão pouca unanimidade em coisas tão óbvias, até cá entre a gente, que não se entende, nem se quer entender.
Pego no meu filho e juntamo-nos à “luta” em forma de festa que se desenrola, pacificamente, na Praça 25 de Abril. Uma “batalha” para recuperar o tempo perdido, na festa símbolo e fetiche da nossa cidade: o Carnaval de Alcobaça. Eu vou de matrafona/ Capuchinho Vermelho; ele de Naruto. No Carnaval não há ridículo, e de barbas e totós, ouço, deliciado, a afirmação do meu filho “Nunca vi tanta gente em Alcobaça!” Pois não, ou talvez não, mas “isto é que Alcobaça, meu querido filho.”
Como há quem defenda, com politiquices e whataboutismos, a guerra, com certeza também muita gente, inimiga da vida, ficou em casa a imaginar surtos e a pensar num passado que ainda estando presente, não se pode tornar no nosso futuro.
Dancei, bebi e fiz “noitada” com o meu filho até à 1 da manhã. Sem tenda, as pessoas estavam na rua, felizes, dançando, vendo-se, tocando-se. Todos pensavam “este já ninguém nos tira.” E quando o mundo, pelos vistos, pode acabar a qualquer momento, nada como um capuchão vermelho com o seu filho Naruto às costas, desde as Freiras até casa, para representar simbolicamente que só podemos carregar o peso dos nosso filhos, fazendo e ensinando o que nos parece certo para que eles não cresçam já não digo para serem o Putin, ou os vários Presidentes Americanos que tantas bombas também lançam, ou os ditadores Africanos, ou os Príncipes Sauditas; mas apenas para saberem ler e escolher por tanta raiva escrita, tanta ignorância e desinformação que por aí se dissemina e que é o verdadeiro vírus. Um que mata ainda em vida.