Após a derrocada, há dois anos, de uma varanda de um edifício do Urbisol, n.º 14 na Rua Dr. António Pimpão, na Nazaré, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) emitiu um parecer, no qual recomenda “que todas as varandas do referido edifício sejam interditadas”. O documento, que já tem um ano, foi dado a conhecer na passada semana, em reunião do executivo.
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O parecer, que avalia os potenciais riscos das restantes varandas para a segurança dos moradores e apresenta medidas de mitigação do problema, tinha sido requerido pela autarquia ao LNEC. Aquele organismo promoveu uma vistoria ao local em agosto de 2020, tendo os técnicos do laboratório considerado “essencial” que as varandas “não sejam utilizadas como depósito de produtos”.
O presidente da Câmara explicou, na reunião do executivo, que a queda da varanda se deveu à má utilização do espaço por parte do empreiteiro que se encontrava a requalificar um apartamento. “Como não havia estaleiro, o empreiteiro decidiu pôr tudo na varanda. Estamos a falar de dois ou três mil quilos de carga numa estrutura com 40 anos”, disse Walter Chicharro.
Além de recomendar a não utilização das varandas do edifício, o relatório técnico considera ainda “prudente interditar a permanência ou circulação de pessoas e bens sob as mesmas até esclarecimento da situação”.
O parecer do LNEC defende o reforço das lajes das varandas, caso se verifique “o incorreto posicionamento e dimensionamento das armaduras nas consolas das varandas”. No entanto, os técnicos salvaguardam que se trata de uma intervenção “que se afigura difícil” e colocam a possibilidade de “optar pela demolição das varandas, complementada com a colocação de guardas leves adequadas à face da fachada do prédio, passando assim as portas das varandas a ser janelas de sacada”.
“O relatório foi feito há quase um ano. Porque só agora vem a reunião de Câmara?”, questionou o vereador do PSD, Paulo Reis. “Este relatório caiu no esquecimento do executivo?”, reforçou António Caria, da CDU, lembrando que o laboratório recomenda a interdição de nove das 12 varandas do edifício, o que “deveria ter acontecido há um ano”.
O presidente da Câmara garantiu que o município procedeu à interdição na rua, por baixo das varandas, mas as estruturas amovíveis foram removidas pelos moradores, tendo sido sucessivamente recolocadas pelos serviços.
Para o vereador em substituição de João Delgado, que pediu maior envolvimento do presidente da Câmara na resolução do problema, o local “tem de ser firmemente tapado, de forma a condicionar mesmo a passagem, com estruturas fixas, não amovíveis”. “Não é muito habitual estes assuntos ficarem perdidos nos serviços”, reconheceu o edil, que não avançou explicação para o atraso e lembrou que “quem tem de resolver é o proprietário”, cabendo à Câmara “a ação administrativa de alerta”.