Os livros e os deveres da escola são apenas uma parte da missão a que a Academia Geração Alpha se propõe para dar resposta a crianças do 1.º ao 6.º ano de escolaridade. Abriu no dia 29 de agosto na Ferraria, em Pataias.
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A aprendizagem é focada no crescimento individual e far-se-á com recurso a iniciativas e brincadeira, sempre com o foco no essencial. “Dar resposta às necessidades desta geração, que é 100 por cento digital”, explica Ana Filipa Verdasca, 38 anos, que assumiu o projeto em parceria com a irmã, Sofia, 33 anos. A mais nova das sócias é mestre em Ciências da Educação, enquanto Ana Filipa é psicóloga e sempre trabalhou com crianças.
O desemprego de ambas uniu-as em torno do projeto, que era para ser no centro de Pataias, antes de encontrarem o espaço ideal à beira da EN242, com direito a uma parcela exterior onde no futuro nascerá outra fase da geração Alpha.
O nome da academia é inspirado no público-alvo. As crianças que nasceram a partir de 2010 e que constituem a primeira geração nascida totalmente no século XXI, numa era de rápido crescimento tecnológico. “Estarem tão dependentes e tanto tempo ligados, é evidente que isso resulta na diminuição da atenção e em dificuldade em sociabilizar”, explica Sofia Verdasca, que destaca ainda “uma maior dificuldade na criatividade e na imaginação”, o facto de as crianças estarem “habituadas à resposta imediata” e de demonstrarem “dificuldade em encontrar felicidade em outras coisas”. É, por isso, uma geração onde crescem os casos de ansiedade e bullying, também “pela falta de empatia” que os mais novos demonstram.
Uma criança da geração Alpha pode ser deixada na academia a partir das 7:30 horas. Desde esse momento, o transporte é garantido por motoristas certificados pelo IMT, que levam os meninos à escola e os recolhem. Os primeiros momentos na chegada à academia são ocupados com o acompanhamento ao estudo por um professor. A sala lúdica é o palco seguinte, com brincadeira e atividades programadas para desenvolver as aptidões sociais, emocionais e cognitivas. “Sempre sem que eles se apercebam que estão a trabalhar”, diz Ana Filipa.
O foco das irmãs Verdasca é também o apoio individualizado e as necessidades educativas especiais, que na região encontram resposta apenas em instituições das capitais de concelho. “Há muita criança sinalizada com dislexia, défice de atenção e hiperatividade”, sublinha Sofia, que lembra o “potencial enorme de uma criança hiperativa, que, se não consegue estar cinco minutos parada a fazer os trabalhos de casa, precisa de movimento para estar concentrada”. A filosofia da Geração Alpha não podia estar mais adequada: recetiva, tolerante, inclusiva. “Independentemente da criança, queremos desenvolver o melhor deles”, completa Ana Filipa.
Num futuro próximo, a academia lúdico-pedagógica terá consultas pediátricas de terapia da fala, terapia ocupacional “e um conjunto de serviços que também ajudam os pais a otimizar o tempo” que os filhos passam no espaço, explica a psicóloga.
No espaço arejado, luminoso e de cores convidativas, haverá ainda tempo para workshops destinados a pais e abertos a toda a comunidade. “Não faz sentido trabalhar com as crianças se não trabalharmos também com os pais”, destaca Sofia.
A Geração Alpha, que representou um investimento de 50 mil euros, ainda não abriu portas mas já acumula inscrições para o ano letivo 2022/2023.