Durante anos, a Conchanata foi a única gelataria da Nazaré e hoje ainda só ali se pode provar o gelado de arroz doce, uma especialidade criada há mais de quatro décadas por uma das tias de Ana Cristina Estrela, atual proprietária do estabelecimento comercial da Praça Sousa Oliveira.
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Comerciante de longa data, Gama Lopes Coutinho, pai de Ana Cristina, juntou-se aos cunhados, que à data trabalhavam nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, em Alverca, para abrir, em maio de 1981, a loja de gelados. Ana Cristina era adolescente e já habituada à vida por entre as lojas que a família possuía. “Eu estava com os meus pais na pastelaria e íamos todos comer juntos atrás da gelataria”, conta a comerciante, que toda a vida trabalhou no atendimento ao público.
Em jovem, para namorar tinha de ser criativa. “Estava sempre presa aos fins de semana, mas apanhava o meu pai distraído e corria para as matinés do Mar Alto para namorar um bocadinho”, conta, entre risos. Eram apenas alguns minutos, mas o suficiente para ganhar ânimo. Naquele tempo, o pretendente, hoje marido de Ana Cristina, não tinha autorização para passar para lá da porta da pastelaria.
Em 2006, a comerciante assumiu o negócio e a pequena dimensão da Gelataria Conchanata ganhou novos horizontes em 2007, quando Ana Cristina Estrela investiu numa esplanada fixa, que permite ao comércio maior movimento em todas as estações do ano. “Está aqui o preço de uma casa”, brinca a empresária, que destaca, além do gelado de arroz doce, o de doce de ovos e, em especial, o gelado Conchanata, a especialidade da casa com sabor a nata e morango.
A vida de Ana Cristina nem sempre foi na Nazaré. Casada com o antigo futebolista Walter Estrela, a carreira do marido levou-os a mudar algumas vezes. Em Coimbra, onde nasceu um dos filhos, estiveram quatro anos. Seguiu-se Guimarães, Leça e Barcelos. “Adorei, mas a minha cidade favorita é Coimbra”, confessa a comerciante. Estivesse onde estivesse, Ana Cristina ficava no verão na Nazaré para ajudar no negócio dos pais.
A família restabeleceu-se na vila em 2001, quando o lateral direito, hoje treinador em Caldas da Rainha, ingressou no Marinhense. Durante cerca de dez anos ambos mantiveram lojas de roupa e acessórios na Nazaré. Ana Cristina sabe que os filhos não querem assumir o negócio. Ela, que tem 55 anos de vida e quase outros tantos como comerciante, não esconde a vontade de trespassar a Conchanata. Enquanto não acontece, todos os dias da semana, excetuando as quartas-feiras, dia de folga, podem ser degustados os famosos gelados que mantêm as receitas de há quatro décadas.