Não sabemos como teria sido o mundo sem a II Guerra Mundial mas podemos perguntar-nos se a revolução espanhola dos anos 30, a francesa da frente popular de 1936 tivessem levado o proletariado ao poder em ambos os países teria havia o “jogo de guerra” que entre 1936 e 1939 abriu caminho ao nazismo e em 1939 e 1940 assistiu paralisado ao seu avanço militar? Como teria a URSS – já burocratizada sob a ditadura estalinista – reagido a uma tomada de poder operário na Europa ocidental?
Não se pode arriscar a dizer o que tinha acontecido mas podem colocar-se em cima da mesa hipóteses – se a Espanha revolucionária, a França revolucionária tivessem vencido, a Áustria em 1934, Hitler teria marchado sobre a Polónia, a República Checa? Teriam os operários franceses, que não reagiram e confiaram na linha Maginot, assistido impávidos às ameaças alemãs se os seus partidos estivessem no poder com um programa de expropriações e controlo colectivo dos meios de produção? Não sabemos.
Mas sabemos que o que aconteceu não era inevitável. É tão errado afirmar que socialismo é inevitável como assumir que é impossível. Afirmar que a II Guerra era o curso natural da história, quando a história é antinatural, é histórica. Como teria reagido o proletariado alemã, sede do maior partido comunista alemão, encarcerado em 1933 se tivesse visto um novo sopro revolucionário com hipótese de vencer nas suas fronteiras?
Certo é que aquele que hoje aparece como um herói da derrota do nazi fascismo, Estaline, depois de 26 milhões de mortos nos territórios da URRS, ou os líderes da resistência de Estado nas democracias liberais – Churchill, Roosevelt, De Gaulle (e a nenhum dos quatro líderes se pode negar esforço na condução da guerra contra Hitler) – teria outro nome. Um herói “revolução” que teria evitado a guerra? E esses mortos – 80 milhões se contarmos também os de frio e fome – não existiriam. Mas isso não aconteceu. Pode-se dizer, olhando para os Acordos entre o Estado nazi e os aliados, e a URSS e os aliados, entre 1938 e 1939, que Hitler foi derrotado não por eles, mas apesar deles.
*Artigo trecho editado de Breve História da Europa, editado pela Bertrand agora em livro de bolso