O mundo viveu entre 1970 e 1980 uma mudança substancial nas relações de produção com o fim do pacto social na Europa. Antes da queda do muro de Berlim e da URSS, 1989-91, uma restruturação produtiva levada a cabo teve como eixo introduzir o fim do pleno emprego, para assim regular o preço da força de trabalho. Esta política, que se dá em quase todos os países da Europa, independentemente dos partidos que dirigiam os Estados (com rotativismo entre conservadores e social democratas), e se dá também pelas políticas desenhadas no seio da CEE (Comunidade Económica Europeia), assentava nas seguintes transformações:
Fim do pleno emprego com mudanças legais que fomentavam o despedimento em massa nas empresas nacionalizadas na II Guerra Mundial e nos anos seguintes; mudança nos contratos colectivos de trabalho para permitir um contingente de força de trabalho móvel (precária); reformas antecipadas em centenas de milhar de trabalhadores (Banca, seguros, comunicações, transportes, portos, construção e reparação naval, minas e siderurgias). Parte deste contingente de força de trabalho precária vai engrossar as filas da subcontratação. Criava-se assim um modelo de empresa “enxuta”, altamente lucrativa, para privatizar: com um parco contingente fixo de força de trabalho. A estas medidas, que se juntaram ao fim de Breton woods (1970-73) e, portanto, à possibilidade de endividamento público estatal, que em 2008 se revelou de facto privado; e à deslocalização para a Ásia de grande parte da produção de montagem, acrescenta-se ainda a duplicação da força de trabalho à escala mundial, com a entrada da China de forma plena no mercado mundial nos anos 90 do século XX.
Estas mudanças, sublinhamos, foram negociadas com os sindicatos europeus em que, tirando poucas exceções (caso exemplar dos mineiros ingleses nos anos 80 do século XX), se assistiu não ao enfrentamento sindical com estas medidas, mas à sua aceitação/negociação na base de que os mais velhos manteriam direitos, e os mais novos seriam precários.
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