Segunda-feira, Dezembro 2, 2024
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Às Armas, para quem? E para quê?

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Ouvi com atenção o apelo às armas, na celebração do dia que o país depôs as armas, 25 de Abril, de Marcelo Rebelo de Sousa, pedindo um aumento do orçamento militar, no quadro da NATO, para 2%, sustentando que a falta de dinheiro noutras áreas não nos deve impedir de investir em defesa. Isto numa situação em que as pessoas são obrigadas a pagar milhares de euros no sector privado para terem acesso a consultas/cirurgias essenciais e para as quais aguardam meses ou anos no SNS, para o qual pagam dos impostos mais altos da Europa. Na educação a baixa qualidade, filha das más condições de trabalho e formação, impôs as explicações privadas como norma, ainda que as taxas e taxinhas se multipliquem e os salários desvaneçam, agora engolidos pela inflação, junto à carga fiscal. O acesso aos serviços públicos tornou-se um calvário – somos pagadores do Estado, e temos cada vez menos Estado Social. Porque iríamos sustentar um Estado Militar? Para nosso bem? 

Putin invadiu a Ucrânia afirmando que era uma “operação especial” – decretou que no seu país a palavra guerra é proibida. Pode-se decretar a proibição de publicamente dizer a verdade, não se poder “cortar a palavra ao pensamento”. A invasão da Ucrânia é uma invasão, não é uma operação – é feita num quadro de uma disputa geopolítica em que estão em causa blocos imperialistas: EUA, UE, China e Rússia. O que não a legitima, mas tão pouco legitima os Estados sob os quais vivemos. O orçamento que Marcelo pediu para a “defesa” é o aumento de impostos ou a degradação do SNS e da educação para a guerra. Não nos defende, defende a disputa de grandes corporações com sede em Estados da UE por matérias-primas e força de trabalho. A NATO e os EUA, e a UE fazem guerras, de disputa de recursos e matérias-primas, não fazem “defesas”. Porém é assumido que são “operações” ou mesmo, pasme-se, “intervenções humanitárias”. “Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força” escreveu Orwell em 1984 chamando a atenção para a força das palavras a moldar o pensamento. Qualquer Estado pode impedir-nos, sob ameaça de prisão e vida, de dizer a verdade. Nada nos pode impedir de pensar a verdade.

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