A moda é antiga, a geração que está a apostar cada vez mais no corte do cabelo e da barba é que é mais jovem. A profissão de barbeiro, que quase se esvaneceu no final do século passado para os salões de cabeleireiros unissexo, voltou a ganhar força nos últimos anos. A diferença é que agora os jovens apostam na formação e na inovação para transformar a necessidade de cortar a barba ou o cabelo numa experiência única.
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Fábio Rodrigues é o barbeiro de serviço no Duarte’s Barbershop, em Alcobaça. O jovem, de 26 anos, trabalhava na agência funerária do pai, mas há quatro anos descobriu o gosto pela profissão. Começou este percurso num barbeiro em Caldas da Rainha, mas depressa, e após frequentar cursos na área, decidiu lançar-se a “solo”. Contou com o apoio da Duarte’s Barbershop, marca da Benedita e que tem vários espaços na região, cujo proprietário lhe confiou a gerência do estabelecimento localizado no centro histórico de Alcobaça. “Desde pequeno que já tinha o gosto pelos cortes de cabelo inovadores”, começou por contar ao REGIÃO DE CISTER, explicando que não enveredou logo por essa área muito por causa dos elevados custos dos cursos profissionais. “Mais tarde, precisamente há quatro anos, o João [Duarte], proprietário da marca, deu-me a oportunidade de começar a traçar o meu caminho neste ramo”, afirma Fábio Rodrigues, para quem o período de pandemia, em contraciclo com muitas outras áreas, acabou por ser muito positivo.
“O negócio está em crescimento e já não me vejo a fazer outra coisa”, garante. O jovem alfeizerense adianta que a agenda está sempre à pinha, de segunda-feira a sábado, e que há cada vez mais pessoas a procurarem este serviço. “Os homens têm cada vez mais cuidado com a sua apresentação e, por isso, vir ao barbeiro já faz parte da rotina mensal de muitos”, confidencia.
Outra das curiosidades desta nova tendência é que muitos dos novos barbeiros são também jovens no que à idade diz respeito. Danilo Catarino tem 31 anos e é o proprietário do Barba Ruiva, espaço que abriu ao público em 2017 na Nazaré, sendo um dos pioneiros na região neste conceito mais recente de tratar do cabelo e da barba do homem. Em 2013, o alcobacense, que recentemente até já abriu um segundo espaço, em Porto de Mós, deixou a empresa de pedra onde trabalhava para investir numa carreira num setor… completamente diferente.
Sem nunca ter tido experiência com cabelo e barba, Danilo Catarino foi conhecendo a profissão e, quatro anos volvidos – e após ter trabalhado num cabeleireiro -, decidiu abrir o próprio espaço, no qual o lema é que o “cliente tenha uma experiência e não só um corte de cabelo”. “Hoje em dia, uma barbearia é um conceito premium, em que, no nosso espaço inclusive, o cliente pode desfrutar também de uma bebida ou de alguns momentos de descompressão”, atira Danilo Catarino, para quem, hoje em dia, já nenhum cliente é fiel. “Existem cada vez mais barbeiros e, por isso, temos de ser únicos em cada corte que fazemos”, sustenta o alcobacense, sublinhando que esse “pequeno grande detalhe” fará toda a diferença na hora de o cliente escolher onde quer ir cortar o cabelo ou a barba.
Ser barbeiro, na grande maioria dos casos, não foi um sonho de criança, mas sim uma paixão que foi surgindo ao longo do tempo. Uma ideia corroborada por Dário Veríssimo. Há cerca de quatro anos, o nazareno deixou o setor da hotelaria, onde trabalhou durante vários anos, e foi nesta arte que encontrou o futuro profissional. “No Centro de Emprego tinha várias hipóteses para cursos e um deles era o de barbearia. Como a minha mãe sempre foi cabeleireira e já tinha um espaço comercial dela, optei por enveredar por este caminho”, conta o barbeiro. No entanto, a vida trocou-lhe as voltas e a opção recaiu na abertura de um espaço exclusivamente seu. Falamos do Barba Bruta, localizado na vila de Valado dos Frades, espaço frequentado por crianças – algumas a fazerem o seu primeiro corte – a idosos. “Hoje em dia, ter o cabelo e a barba cuidada é também uma questão de autoestima”, evidencia o barbeiro, de 35 anos, notando que há clientes que são regulares na frequência com que se deslocam ao Barba Bruta.
Naquele espaço, todo o processo é pensado ao pormenor para que o cliente tenha o melhor serviço possível. “Prefiro demorar 45 minutos num cliente e ficar agradado com o resultado final, do que ter pressa e o trabalho final não ficar tão bem”, sublinha Dário Veríssimo, a quem o grau de afinidade que vai estabelecendo com os clientes faz com que, em certos casos – idade avançada ou pós-operatórios -, se desloque a casa dos clientes para tratar do cabelo e barba dos mesmos.
“Para ser bom barbeiro é preciso ter um serviço personalizado”, refere Dário Veríssimo, acrescentando que, antes de cada corte, pergunta ao cliente se pretende fazer alguma mudança no cabelo ou na barba. “Tento também dar sempre uma sugestão ou um apontamento diferente”, salienta, rematando que esta “arte” é “mais do que ter só o cabelo ou a barba cuidada”.
A propósito, “como é que vamos cortar hoje?” É cabelo e barba?