É importante para o cão sentir que há uma hierarquia em casa e identificar, de forma clara, quem dita as regras. A máxima é do nazareno Bruno Estrela, mentor do projeto Green Dog’s, que ensina, há cerca de cinco anos, os donos dos amigos de quatro patas a educar estes animais de companhia.
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“O cão não é uma pessoa, não foi feito para andar ao colo e não deve ser humanizado”, defende o “terapeuta”, que teve a ideia em conversa com um amigo e depois de ter feito do seu cão um exemplo irrepreensível de comportamento.
O “Verde”, que inspirou o nome Green Dog’s, vive com o dono num apartamento T1, onde espera que o dono chegue do trabalho sem causar quaisquer danos e recolhe à casota assim que ouve a chave na porta. Só sai do seu espaço se tiver permissão. Não salta para cima das pessoas e tem um respeito enorme às crianças. “Quando a minha filha está por perto, ele não tem autorização para sair da casota”, conta o empreendedor, para quem episódios em que os cães atacam crianças acontecem por falta de supervisão do dono do cão. “Até terem idade para alimentar o cão, as crianças não devem estar sozinhas com o animal porque tudo funciona por vínculo hierárquico”, esclarece.
“Depois de tanta tentativa errada, cheguei à fórmula certa”, confidencia Bruno Estrela, que investiu centenas de horas a aprender terapia comportamental. “O que me dá prazer é mostrar às pessoas que, com o básico, qualquer um, de qualquer idade, consegue educar os cães”, explica o formador, que realça a importância de os donos ensinarem os animais a reagir a qualquer situação sem recurso à violência. A responsabilidade é do dono do cão e não do animal. Aí reside, quanto a Bruno Estrela, a diferença do seu projeto. O trabalho de educação é feito com os dois, “Para educar um cão temos de ter o dono ao lado”, refere o nazareno, para quem “normalmente os problemas de comportamento têm origem nos donos que tentam corrigir o cão de forma errada”.
Bruno Estrela não tem dúvidas de que “o cão aprende muito rápido”, mas não consegue apontar um prazo para concluir o trabalho, já que a aprendizagem depende do empenho e dedicação do dono do cão.
Não trabalha “à base do petisco”, método através do qual o cão é estimulado a obedecer em troca de comida, mas garante o êxito das suas técnicas, se, claro está, forem bem seguidas. “Uma coisa é certa, sempre que aplicaram as ferramentas que dei, houve taxa de sucesso”, revela Bruno Estrela, que realça a importância de dar as ordens ao cão com a assertividade e postura corretas.