O festival de Jazz do Valado está, para já, fora do Programa de Apoio Sustentado 2023-2026 na área da programação, segundo os resultados provisórios da Direção-Geral das Artes (DGArtes). A Biblioteca de Instrução e Recreio (BIR) já respondeu à audiência de interessados, mas há o risco de perder o apoio que recebia do Estado há mais de duas décadas por não ter tido uma pontuação suficiente para as verbas disponíveis.
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“Não ficámos contentes com esta decisão, já fizemos a nossa exposição em audiência de interessados e aguardamos uma resposta”, explica o diretor artístico do mais antigo festival de jazz do distrito. “O nosso projeto foi selecionado, mas ficámos excluídos da proposta para apoio, com menos 1,7 pontos [em 100] que a última entidade proposta para apoio por haver falta de alocação de verba”, adianta Adelino Mota. O maestro considera que o projeto da BIR foi prejudicado pela “nova regionalidade” do concurso, pela “falta de conhecimento desta área de música por parte do júri” e pela estrutura do projeto estar assente no “voluntariado”.
“No Centro, foram aprovados dois projetos em Aveiro, dois em Coimbra, um em Viseu, um na Guarda, um em Leiria [ABA – Banda de Alcobaça Associação de Artes] e um em Santarém, parece que as classificações foram encomendadas e que não são pelo mérito“, atira Adelino Mota. Além disso, o maestro considera uma “estupidez completa” a nota da DGArtes relativamente “às prestações de serviços e voluntariado” do projeto. “Um artista não pode estar dependente de uma entidade patronal, até porque independência não significa precariedade. O que a BIR faz é um contrato de prestação de serviços com uma empresa, que por sua vez tem funcionários com contrato de trabalho“, resume Adelino Mota, para quem houve uma “má interpretação do júri em relação ao projeto” da BIR. A entidade solicitou 240 mil euros para quatro anos, concorrendo ao patamar mais baixo de 60 mil euros por ano.
Aguardando pelos resultados definitivos, o diretor artístico do festival de Jazz do Valado vê a possibilidade de o Governo aumentar a alocação de verbas, mas caso esse cenário não se concretize, já está a trabalhar “num plano b ou c”. Uma coisa é certa: “o festival de jazz do Valado não vai morrer porque um ministro resolveu mudar as regras”. Admite que “será mais complicado”, mas conta com o apoio da Câmara e de algumas empresas.