As obras arrancaram no passado dia 15 de março na arriba do ascensor, mas estão suspensas pelo risco iminente de queda, informou o vereador Orlando Rodrigues na reunião do executivo da passada segunda-feira. No próximo dia 4 de abril haverá sessão pública de esclarecimento no Cine-teatro da Nazaré e o projeto ficará disponível na internet.
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Em causa a intervenção da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) no local, que, após a remoção das ervas, deixou a nu a situação real da arriba, “bem mais grave do que se pensava”, de tal forma que “dificilmente o projeto existente será ajustável”, disse ainda o vogal dos Serviços Municipalizados, que admitiu que o local está a ser sustentado por um bloco colocado “há cerca de 35 anos”.
Orlando Rodrigues falava após uma reunião com representantes da APA, da entidade projetista e da empresa à qual foi adjudicada a obra. “A reprogramação irá significar adiamentos na obra”, reconheceu o vereador socialista. “Prova de que projetos que estão na gaveta há décadas não servem”, atirou o vereador da CDU, João Delgado.
O REGIÃO DE CISTER pediu esclarecimentos à APA, que não se pronunciou até ao fecho desta edição.
O ascensor mantém-se parado, agora por tempo indeterminado, enquanto as viagens entre Sítio e Praia são asseguradas por transporte rodoviário. “A carrinha que está a substituir o ascensor está sempre cheia, sinal de que as coisas estão a funcionar”, sustentou o presidente da Câmara. A vereadora eleita pelo PSD, Fátima Duarte, aproveitou a ocasião para pedir uma intervenção na ladeira do Sítio, “que está muito deteriorada” e é mais utilizada para a ligação pedonal entre Sítio e Praia desde que foi suspenso o funcionamento do ascensor.
A informação sobre o processo das arribas foi um dos pontos em discussão entre os eleitos. “Até a Junta da Nazaré pediu esclarecimentos sobre o assunto, o que atesta a falta de informação”, sublinhou João Delgado. Dias antes, a Junta tinha emitido um comunicado, difundido nas redes sociais, no qual informou que ia solicitar “à Agência Portuguesa do Ambiente e Câmara Municipal da Nazaré, com caráter de urgência, o esclarecimento público sobre as intervenções projetadas para o local, a disponibilização pública do projeto de execução, bem como dos estudos, sondagens e, entre outros elementos, “a disponibilização genérica da cronologia dos acontecimentos relevantes desde o inicio deste processo”.
O esclarecimento agora agendado pela APA surge depois de “vários pedidos da Câmara”, como repetiu o presidente da Câmara na reunião do executivo e manifestações públicas da sociedade civil quanto à intervenção no Bico da Memória, local emblemático ligado à lenda do Milagre da Nazaré.
Em artigo publicado no jornal Público, a 10 de março, assinado por seis especialistas de diferentes áreas, são colocadas várias questões sobre a intervenção no Bico da Memória. A ausência de consulta pública às comunidades locais é a primeira pergunta que três historiadores, um arquiteto, um arqueólogo e um técnico do património fazem no texto em que é referido que o projeto prevê a destruição dos muros erguidos pela Real Casa da Senhora da Nazaré em 1759.