A maré de agosto traz na crista da sua mais alta onda o homem que atualmente consegue marcar todos os setores da sociedade global, pela unicidade de consensos que reúne perante uma ação que transcende crenças e afinidades religiosas, como não há memória.
Foi há 10 anos que Jorge Mário Bergoglio se tornou a primeira figura da Igreja Católica como Papa Francisco. Este Homem de Fé, nascido há 86 anos na Argentina, vai muito além do que se esperaria do nº 1 de Deus. Em 2013 iniciou o seu pontificado; e desde então um tempo novo se iniciou.
A diferença já se evidenciava notória desde o início da sua Jornada; mas foi enquanto Francisco que a verdadeira revolução teve lugar. Com um perfil humano bem distinto dos que o antecederam e uma nacionalidade fora da “geografia europeia”, Francisco mostrou-se verdadeiramente consciente da realidade das pessoas e por isso lhes é tão próximo.
Creio que ninguém tinha a real noção do quanto Francisco viria a ser o derradeiro reformador de mentalidades, principalmente dentro da estrutura interna da Instituição que representa. Relembremos que este incitou os responsáveis máximos do clero a despojarem-se de riquezas e bens materiais e que ousou falar de temas tabu para a hierarquia da Igreja; e que tem sido também o verdadeiro peregrino que sai da Igreja e viaja mundo afora, muitas vezes até aos locais mais improváveis, para espalhar não só a “palavra de Jesus”, mas principalmente as suas ideias de renovação e justiça social.
Um homem de paz, de verdade, que abre portas e derruba paredes; que denuncia e que constrói; um homem solidário que fomenta a esperança ensinando práticas de inclusão; um homem que desmistifica medos e encoraja sonhos. Admirável. Valoroso. Francisco será, com toda certeza, recordado como um dos grandes marcos do século XXI.