Vai fazer-se história no dia 15 de dezembro (sábado), quando a Fundação Mário Botas (FMB), na Nazaré, abrir finalmente ao público a Casa-Museu com obras do pintor nazareno. Há 20 anos que a data é ansiada na vila. A instituição quer assumir -se como a casa da cultura da Nazaré e prepara-se para assinalar o nascimento do artista, que faria 71 anos este mês, através de um conjunto de iniciativas que antecedem a inauguração oficial da fundação, prevista para o primeiro trimestre de 2024.
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As ações vão desenvolver-se de 16 a 23, dia do nascimento do pintor e a data de uma visita à campa de Mário Botas, no cemitério da Pederneira, tributo que encerra a semana de iniciativas para marcar a efeméride.
Dia 16 vai marcar a apresentação da nova marca institucional da Fundação, bem como do Clube dos Amigos de Mário Botas, que a organização assume poderá ter outra designação. Para além de uma performance musical, no primeiro dia de abertura ao público haverá conversa intimista com um amigo do pintor, que vai dar a conhecer histórias inéditas de Mário Botas e inclui o painel “Onde está Mário Botas?”. O programa leva ainda Mário Botas para as ruas da vila, com a colocação de um cavalete com o auto-retrato do pintor “em locais inusitados”.
“Ao Encontro de Mário Botas” é o tema do primeiro de vários eventos de homenagem ao “homem que partiu demasiado cedo e que deixou um legado notável, uma vida com muitas vidas”, como descreveu o coordenador do evento e voluntário da FMB, Samuel Fialho, referindo-se ao filho da terra Mário Ferreira da Silva Botas, que faleceu em 1983.
O próximo objetivo da FMB é receber o acervo de pinturas de Mário Botas, atualmente preservadas e guardadas no Centro Cultural de Belém. Trata-se de 378 obras, algumas das quais expostas pontualmente, mas sempre devolvidas para armazenamento. Porém, o espólio do nazareno não se esgota na pintura, ou não fosse Mário Botas, médico de formação, um homem de vários ofícios. Há uma coleção de fotografias inéditas de Mário Botas, também autor de poemas e outros textos, bem como objetos e livros que colecionou ao longo da sua (curta) vida – o nazareno faleceu aos 31 anos. “Era um artista multifacetado, com um espólio que vamos descobrindo aos poucos”, conta António Fialho, do Conselho de Administração da Fundação.
O enorme edifício de três pisos tem várias valências, incluindo um auditório e salas para futuras oficinas de artes, de forma a cumprir mais um objetivo de Mário Botas – “que os jovens tenham acesso à cultura”, sublinhou João Delgado, especialista em Artes Plásticas e também ele voluntário da organização.
A Fundação Mário Botas foi criada segundo testamento do artista. As obras para a sede, edificada em terreno cedido pela família de Mário Botas, custaram cerca de 2,2 milhões de euros, foram iniciadas em 2002 e estão concluídas há vários anos, mas a abertura ao público acontece apenas agora, depois de vários constrangimentos burocráticos, como fez notar o presidente do Conselho de Administração. “Em Portugal é muito difícil trabalhar”, concluiu Ruben Cabral.