O Natal aproxima-se e começa a sentir-se no ar toda a magia de uma quadra embelezada pelas iniciativas solidárias, que transportam amor e carinho para o coração daqueles que nos são mais próximos. Se as crianças aguardam impacientemente pela hora de desembrulhar as prendas e confirmar se o “pai Natal” cumpriu os seus desejos, este ano, na Santa Casa da Misericórdia de Aljubarrota, também os utentes seniores da instituição esperam ansiosamente pelos presentes prometidos pelos seus “anjos do Natal”.
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Uma vez mais, a Misericórdia de Aljubarrota aproveitou a época natalícia para “mimar” os seus utentes, criando uma iniciativa que visa promover a interação da comunidade com o público sénior. Nesse sentido, a instituição pediu que cada utente escolhesse um presente que desejasse receber neste Natal. De seguida, recorreu à página de Facebook, colocando uma fotografia de cada utente com o respetivo pedido, apelando aos seguidores e à restante comunidade envolvente que apadrinhassem um idoso através da oferta da prenda desejada. “A maioria dos nossos utentes passam muito tempo aqui na instituição, não tendo possibilidade de conviver nem de participar em atividades no exterior. Esta iniciativa tem como objetivo aproximar a comunidade à Misericórdia de Aljubarrota e ”, começa por explicar a animadora da instituição. Patrícia Germano reforça ainda que a ideia é “estabelecer uma ligação entre desconhecidos e os utentes” para que, no futuro, os novos “padrinhos” possam fazer uma visita aos “afilhados”.
Esta é apenas uma das muitas atividades que a Misericórdia de Aljubarrota tem vindo a desempenhar com os utentes da estrutura residencial para idosos (ERPI) e do centro de dia. “Uma das nossas grandes preocupações é criar dinâmicas que promovam o convívio e a participação da população sénior na comunidade. Por isso esta e outras iniciativas fazem parte do dia-a-dia da instituição porque queremos que os nossos utentes se sintam ativos e integrados no meio”, vinca Patrícia Germano.
A iniciativa, que se realiza pela segunda vez na Misericórdia de Aljubarrota, foi novamente um sucesso, com a comunidade a aderir ao desafio de tal forma que muitos dos idosos irão ver os seus desejos concedidos por mais do que um “anjo do Natal”. Todos os cerca de 60 utentes que participaram neste projeto foram apadrinhados, sendo que os presentes já começaram a chegar. Uns foram entregues pessoalmente, outros por correio. Ainda assim, só na semana que antecede o Natal é que os “afilhados” vão ter a prenda “no sapatinho”.
Como é habitual, os utentes da Santa Casa da Misericórdia de Aljubarrota não recebem sem dar algo em troca, tendo preparado, com as próprias mãos, uma lembrança surpresa para cada padrinho. Esmeralda Silva foi uma das participantes da iniciativa. Está no ERPI da Misericórdia de Aljubarrota há mais de quatro anos. O seu desejo para este Natal é receber “uma camisa de dormir”. Aos 84 anos, assume que não gosta de estar parada e vê nestas atividades uma forma de (continuar a) dar o seu contributo à comunidade e de se manter ativa. “Gosto de desenhar, pintar, colar e recortar. Ao mesmo tempo é uma forma que temos de conviver uns com os outros e de conhecer novas pessoas”, conta a utente.
Apesar da simplicidade, esta iniciativa visa oferecer aos utentes, juntamente com o presente, a poderosa mensagem de que são lembrados, amados e valorizados. Também neste aspeto a ação foi um sucesso. De acordo com a diretora técnica, este tipo de atividades têm o propósito de abrir as portas da instituição à sociedade. “Queremos que a comunidade nos visite, nos apoie e que, principalmente, não se esqueça da população sénior”, frisa Elisabete Nogueira, revelando estar “muito feliz” por ver que a missão foi “cumprida”. Feliz Natal!
Misericórdia de Aljubarrota prepara consoada natalícia especial para funcionários e utentes
Há quem consiga passar a noite de Natal com a família, mas nem todos os utentes da ERPI da Misericórdia de Aljubarrota têm o privilégio de o fazer. É o caso de Maria Jesus. Os filhos residem no estrangeiro e, por esse motivo, a sua consoada é passada com os funcionários e utentes. Passar o Natal com esta que é também uma família “ajuda a preencher o vazio que se sente”, desabafa a idosa. No refeitório da instituição é preparada uma mesa com enfeites adequados à ocasião. A ementa para aquela noite é também especial. Do lado dos colaboradores, há quem tenha de prescindir da ceia de Natal com a família para tomar conta da “segunda família”. Com cerca de oito anos de “casa”, Belmira Carvalho já passou algumas vezes o Natal na instituição, algo que para ela não é um sacrifício. “Fazemos tudo para que os utentes passem a noite como se estivessem em casa e isso enche-nos o coração”, finaliza.