Carlos Guerra acusou Hermínio Rodrigues de falta de “transparência” no que concerne ao negócio da compra do terreno para o estaleiro e as oficinas municipais.
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A polémica surgiu na reunião pública da Câmara de Alcobaça, realizada na manhã desta segunda-feira, e provocou momentos de tensão, depois de a maioria do PSD no executivo ter decidido avançar para a construção do estaleiro e das oficinas municipais num terreno em frente aos Serviços Técnicos Municipais, que orçará ao município em 460 mil euros.
O PS já se havia manifestado contra essa intenção, dizendo que a opção mais acertada era a aposta na Quinta das Freiras, mas a discussão subiu de tom na útima reunião pública do executivo municipal.
“Porque é que estamos a adquirir um terreno que não tem o mínimo de condições em vez de aproveitarmos os terrenos da Quinta das Freiras, que já são do Município?”, indagou o vereador do PS, para depois frisar que “entre custo de aquisição e obras que são necessárias”, esta opção “vai comportar um investimento superior a um milhão de euros”. “É um edifício que não satisfaz os interesses da Câmara”, garantiu Carlos Guerra, que foi ainda mais longe na acusação: “Lamento dizer-lhe isto, senhor presidente, mas este negócio pode ter tudo, mas de transparente não tem nada. A quem é que serve este negócio? À Câmara não é de certeza.”
O ‘ataque’ do socialista não caiu bem ao chefe do executivo municipal, que respondeu de imediato: “Senhor vereador, está completamente enganado. Transparência, comigo, lhe garanto que há sempre. Nesse aspeto, estou muito à vontade. Ainda recentemente a minha vida foi toda revista, de cima a baixo.
O meu comportamento é digno e não lhe admito que toque num ponto que é fundamental nesta casa, que é a transparência.” Depois disso, e já com os ânimos mais calmos, Hermínio Rodrigues explicou os motivos que levaram a sua equipa a tomar esta decisão.
“Politicamente, entendemos que as oficinas devem ficar junto à cidade. São maneiras de ver as coisas. Até pode dizer que é uma teimosia do presidente, que entende que os serviços municipais devem ficar na cidade. Trata-se de uma aposta política”, justificou.
No mandato anterior, liderado pelo também social-democrata Paulo Inácio, a escolha para os estaleiros e as oficinas municipais tinha sido a Quinta das Freiras, razão pela qual o terreno foi, na altura, adquirido. No entanto, agora, a aposta da equipa liderada por Hermínio Rodrigues é outra e passa pela deslocalização dos serviços para o centro da cidade: “Bem sei que o executivo anterior tinha outra ideia, que respeito, mas a nossa decisão é esta.”
Mesmo depois da troca de argumentos, as justificações apresentadas pelo chefe do executivo municipal parecem não ter ido ao encontro do pretendido pelos vereadores socialistas. “Fiquei esclarecido. Aliás, fiquei esclarecido com aquilo que o senhor não disse”, concluiu Carlos Guerra, encerrando a discussão.