Faltavam alguns minutos para a hora marcada, ao final da tarde do passado dia 27, e já se notava a agitação no miradouro da Pederneira, de onde saiu, com nova vida, a centenária imagem de Nossa Senhora da Nazaré para uma curta viagem até ao Santuário, onde regressou após mais de dois anos de trabalhos de restauro em Lisboa.
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Antes do cortejo, com a imagem transportada numa vitrine em carrinha aberta dos Bombeiros da Nazaré, o cardeal patriarca de Lisboa, Rui Valério, fez uma pequena oração na Igreja da Misericórdia da Pederneira para dar as boas vindas à imagem na chegada à Nazaré. “Perante o seu rosto de mãe, é também uma oração por todos os que sofrem a violência da guerra”, sublinhou o prelado. O momento foi carregado de simbolismo pela devoção a Nossa Senhora, mas também pela importância histórica. Afinal, foi a primeira vez, desde as invasões francesas, no início do século XIX, que a imagem saiu do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. Não foram de estranhar, por isso, a farda de gala das dezenas de bombeiros envolvidos na cerimónia e a presença das várias entidades oifciais do concelho ao lado do presidente da Mesa da Confraria, Nuno Batalha.
Já no Santuário, a cantora Fafá de Belém, conhecida devota da imagem nazarena, ajudou à festa de regresso de Nossa Senhora com uma atuação muito aplaudida.
A escultura encontrava-se desde novembro de 2021 a ser restaurada por técnicos da Direção-Geral do Património Cultural, no Laboratório José de Figueiredo, em Lisboa. A necessidade da intervenção tinha sido sinalizada há quatro anos pela Confraria de Nossa Senhora da Nazaré. Na ocasião, a Confraria estabeleceu contactos com o laboratório e, a 3 de junho de 2021, os técnicos retiraram a imagem, que foi depois submetida a uma avaliação por radiografia, de forma a perceber o estado exterior e a intervenção necessária, mas também para perceber qual a condição da imagem no interior.
Durante estes dois anos e três meses, no lugar da imagem ficou uma fotografia em 3D. “Não é a mesma coisa”, reconhece Nuno Batalha, visivelmente contente pelo momento em que “A Mãe volta a casa”, o título que a Confraria deu ao cortejo que devolveu a histórica imagem Nossa Senhora aos nazarenos.