A génese da atividade da JA Martins, Lda visa principalmente os mercados externos. Fundada há 13 anos, por Marco e José Martins, a empresa da Benedita foi desenhada apenas com o intuito de operar nas exportações, tendo sido criada no âmbito da Martins & Constantino, a empresa-mãe do grupo. Na base esteve a necessidade de aumentar as vendas para o exterior. A criação da JA Martins teve, assim, como objetivo “dar apoio à empresa já criada em campos como a exportação”, de acordo com a gerente da entidade que comercializa borregos, à semelhança da Martins & Constantino.
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França, Itália e Israel são os principais destinos dos borregos da JA Martins. Mais recentemente, o cliente do país localizado no médio-oriente tornou-se mesmo no principal comprador, sendo também o grande responsável pelo aumento exponencial do volume de exportações em 2022, ano em que a empresa alcançou um volume de negócios (e consequentemente de exportação) na ordem dos 10,6 milhões de euros, subindo de 167.º para 34.º no ranking das 250 Maiores empresas dos concelhos de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós. Em 2023, a JA Martins manteve a faturação para o exterior e nem o conflito que se instalou entre Israel e Palestina abrandou o fluxo do negócio. Prova disso é que, decorridos quatro meses em 2024, Israel foi um dos países para o qual a empresa exportou.
A capacidade de conciliar o abastecimento dos clientes nacionais nas festividades, através da Martins & Constantino, com o fornecimento de animais para o exterior tem sido determinante para o crescimento no mercado externo.
Também o perfil do consumidor estrangeiro contribui para o sucesso da empresa. “São clientes que preferem um animal mais pesado, enquanto em Portugal comercializamos borregos entre os 11 e os 14 quilos, para o fora de portas o peso procurado vai até aos 22 quilos”, explica Maria Conceição Constantino, dando conta ainda de um fator cultural que é determinante para a recente impulsão do negócio. “O consumo de carne de porco é praticamente nulo em países asiáticos, pelo que, a carne de borrego naqueles territórios é uma proteína mais consumida do que em Portugal”, fundamenta a beneditense.
A produção de animais é uma “fatia” muito reduzida no negócio das duas empresas, de modo que as entidades contam com uma rede de produtores, principalmente no Alentejo, onde têm um centro de agrupamento para reunir animais, efetuar cargas e descargas.
Há cerca de nove anos, a Martins & Constantino adquiriu uma exploração onde os animais fazem quarentena e são agrupados por lotes devidamente calibrados. A infraestrutura tem uma capacidade de área coberta para albergar 20 mil cabeças, o que veio, naturalmente, constituir uma mais valia para o negócio dentro e fora de portas. “Os clientes que nos visitam, principalmente os internacionais, ficam bastante impressionados com a qualidade das nossas instalações e com as condições que oferecemos aos animais”, detalha Maria Conceição Constantino, acrescentando que aquele é um motivo que facilita a atração de potenciais clientes. “Temos uma certificação de bem-estar animal que atesta o nosso cuidado e toda a preocupação que temos com muitos fatores associados”, frisa ainda.
A comercialização de borregos na JA Martins é feita de duas formas, consoante a preferência do cliente. Por exemplo, para o primeiro cliente em França, o animal é vendido em carcaça, ou seja, já morto. Por outro lado, para Israel os animais são comercializados vivos, cumprindo os protocolos estabelecidos pela Direção-Geral Veterinária.
“A viagem até a esse país é mais longa e exige uma travessia de barco. Pela sua duração, não é tão viável vender o animal sob a forma de carcaça”, fundamenta a gerente da JA Martins, sublinhando também que “os israelitas preferem comprar os animais vivos” uma vez que “optam por engordar mais os borregos para conseguirem suprir os custos das taxas alfandegárias”.
A Martins & Constantino celebra 30 anos de atividade no próximo mês de maio e continua a afirmar-se no mercado nacional, ao passo que a JA Martins lhe segue as pisadas no mercado estrangeiro, tendo aproveitado a procura do cliente do Médio Oriente para impulsionar o negócio.