A Câmara de Alcobaça prepara-se para adquirir os antigos armazéns da Raimundo & Maia SA na Rua D. Pedro V pelo montante de 2,1 milhões de euros. O assunto, que está por resolver há duas décadas, “aqueceu” os ânimos na última sessão da Assembleia Municipal, que decorreu no passado dia 27 de junho, tendo havido troca de acusações e ‘bocas’.
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Foi a intervenção de José António Correia, eleito pelo Nós Cidadãos, que motivou a discussão. “Não é preciso ser um génio, mas é preciso saber o minímo para não ser um idiota“, leu o deputado municipal, citando o pensador Olavo Carvalho, para contar a “história” do problema que “persiste há mais de duas décadas e que foi subitamente proposto resolver”.
Sem nunca se referir aos antigos armazéns da Raimundo & Maia SA, o agora deputado independente afirmou que “foi notória a falta de coragem ou até mesmo a cobardia política para resolver este problema crónico nos termos legais, no entanto houve coragem para jogar para cima deste problema um valor de cerca de 2,5 milhões de euros, dinheiro das contas limpas dos alcobacenses”. “Seria bom se a ética, a vergonha, a inteligência e a honestidade voltassem”, concluiu.
O presidente da Assembleia Municipal foi o primeiro a reagir, esclarecendo que “2,5 milhões não são 2,150 milhões”. Carlos Marques falou em “acusações muito graves” do deputado municipal, referindo “não admitir” que lhe chamassem “idiota”. “Fico triste pelo senhor estar a chamar idiotas a pessoas que trataram deste assunto com clareza e correção”, retorquiu.
O líder de bandaca do PSD também entraria na discussão: “o senhor mandou foguetes para o ar e a lama espalhou-se por todo o lado“. “Tem direito a criticar tudo e todos, a dizer tudo aquilo que quiser, mas seja claro, preciso e objetivo. Agora, suspeições? Não, muito obrigado.
Isso para mim é crime”, frisou Pedro Mateus Guerra. Ainda antes da reação do presidente da Câmara, António José Correia acabaria por pedir desculpa. “Se as pessoas ficaram ofendidas peço desculpa”, disse. “Eu é que me sinto idiota aqui dentro”, atirou o deputado, admitindo ter sido “mal interpretado”.
Quem não perdoou foi o presidente da Câmara, que acusou o deputado de “falta de honestidade”, lembrando o compromisso que teve com os deputados da Assembleia Municipal, na reunião com a Comissão Permanente, em “primeiro levar o assunto à reunião de Câmara” para depois “fechar com os proprietários” e só depois seria votado na Assembleia Municipal.
O chefe do executivo municipal foi ainda mais longe: “se vem com acusações, vá direto ao Ministério Público“. “Se é contra a aquisição do terreno assuma a posição quando tiver de assumir. Está a tentar condicionar a posição dos deputados, mas a mim não me condiciona. Agora ‘falta de transparência’, ‘ética’, ‘honestidade’… calma, não é para todos”, respondeu Hermínio Rodrigues.
Ao REGIÃO DE CISTER, já depois da polémica na Assembleia Municipal, o presidente da Câmara lembrou a “ambição de todos em resolver o problema”.
O autarca garantiu que a Raimundo & Maia, SA “não está interessada em construir”, pelo que o destino do terreno poderá passar por “construção, praça ou outra coisa qualquer”, mas o importante é a Câmara adquirir o espaço e reabilitá-lo, frisou Hermínio Rodrigues, que espera fechar o negócio este mês.