Fundada em 2016, a secção de futsal do Centro Social de Évora está, pela primeira vez, nos campeonatos nacionais. Em entrevista, o presidente do clube abordou uma época histórica no emblema eborense, tanto na equipa sénior masculina, como na equipa sénior feminina e na formação. Os objetivos maiores, revela Vítor Carneiro, são representar o melhor possível o clube e a freguesia.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > Esta subida aos nacionais é um sonho concretizado?
Vítor Carneiro (VC) > Sem dúvida que é. Este não era o objetivo inicial da época, mas era um sonho que tínhamos desde que este projeto arrancou. Não esperávamos que em oito anos fosse conseguido.
RC > Foi algo de que se foram apercebendo ao longo da temporada que era possível?
VC > Sim, foi correndo bem e começámos a andar no topo da tabela. A partir daí o clube começou a acreditar que era possível lá chegar.
RC > E em termos estruturais, também a Direção se foi preparando para esse momento e para dar esse salto?
VC > Sim. Embora seja sempre um desafio difícil. É um passo grande, mas já estava a ser preparado caso acontecesse. Já tínhamos decidido que, caso essa subida fosse conseguida, iríamos agarrar a oportunidade. Não íamos desistir.
RC > O clube está financeiramente estável para dar esse salto?
VC > Sim, vamos ter de recrutar mais apoios e alargar os patrocinadores. Contamos, para isso, também com algum apoio da Junta e da Câmara. Agora a exigência é ainda maior financeiramente, mas somos um clube que prima por terminar cada temporada com as dívidas todas saldadas.
RC > Nasceu em Évora, cresceu em Évora e é em Évora que faz a sua vida. Ser o presidente do primeiro clube da freguesia a atingir os nacionais é uma grande emoção…
VC > Nasci mesmo em Évora de Alcobaça, em casa. Ser o primeiro clube de uma qualquer modalidade da freguesia a chegar aos campeonatos nacionais é um motivo de enorme orgulho. Desportivamente, mas também pessoalmente. É um orgulho para o clube, mas também para a freguesia, que tentaremos honrar por todos os pavilhões onde iremos passar. Évora de Alcobaça estará no mapa do futsal nacional e isso também é bom para a freguesia.
RC > Em três épocas, sobem pela primeira vez à Divisão de Honra e depois à 3.ª Divisão Nacional. Imaginava?
VC > Quando foi fundada a secção de futsal tínhamos esse objetivo, embora em termos temporais não tivéssemos um prazo definido para o atingir. O nosso objetivo principal era ter uma equipa nos nacionais e a formação preenchida com os escalões para que, daqui por uns anos, seja essa formação a alimentar essa equipa dos nacionais. E para isso é importante que os jovens revejam os mais velhos como referências para que um dia queiram ser eles essas referências e um exemplo a seguir.
RC > O facto de a subida ter sido na secretaria, fruto de algumas desistências, traz aqui algum amargo de boca?
VC > Para nós, o que interessa é estarmos lá. Era possível ter sido de outra forma, mas não conseguimos.
RC > Não o conseguiram, mas fizeram a melhor época de sempre do clube, com um 3.º lugar na Divisão de Honra.
VC > Fizemos uma época espetacular com o plantel que tínhamos. Foi uma época muito boa e em que o grupo esteve sempre muito unido na missão de representar o Centro Social de Évora da melhor maneira possível.
RC > E o exemplo vem da própria Direção, que se mantém intacta desde o início?
VC > Penso que um bocadinho do segredo talvez seja até esse. Trabalhamos de uma forma estruturada, temos ideias claras do que queremos fazer e vamos construindo a casa aos poucos. Tentamos, ao máximo, ser uma Direção respeitadora, cumpridora e que eleve o clube e a freguesia.
RC > – O mister Élsio Fonseca, que conduziu a equipa aos nacionais na época de estreia no clube, encaixou perfeitamente nessa filosofia?
VC > Já o tínhamos debaixo de olho há algum tempo. Ele encaixou no nosso perfil, mas nós, como somos uma IPSS, também defendemos muito os valores das pessoas, portanto, formar pessoas antes de atletas. Ele enquadrou-se perfeitamente nesta filosofia do clube. Contamos com ele para a próxima época e, sobretudo, para este projeto.
RC > A subida irá, naturalmente, ter reflexos na formação…
VC > Neste momento, temos cerca de 50 atletas, mas acredito que esta subida de divisão poderá ajudar a alavancar, ainda mais, a formação. Estamos inseridos numa área geográfica com muito talento e que ainda pode ser mais bem explorada. Estamos a trabalhar nesse sentido. Na próxima época, por exemplo, vamos estrear os juvenis no clube.
RC > Para que, no ano seguinte, apostem nos juniores?
VC > É exatamente isso. Conforme forem crescendo, vamos também apostando nos escalões de forma estruturada. Gostávamos de, daqui por um a dois anos, ter mais de 100 atletas de formação aqui no clube.
RC > – É utópico pensar num Centro Social de Évora a escalar ainda mais alto a montanha. Isto é, a lutar para subir à 2.ª Divisão?
VC > Acredito que sim, nunca podemos limitar os sonhos, mas um passo de cada vez. O nosso intuito é estabelecer a equipa sénior na 3.ª Divisão e crescer e fortalecer na formação, que foi desde sempre, e continua a ser, um dos nossos principais objetivos enquanto clube. Não queremos ser apenas um clube dos seniores, nem um clube só da formação. Queremos que ambas se complementem e, no final, reforcem a identidade do Centro Social de Évora e da freguesia.
RC > Passar a jogar no pavilhão da freguesia, e não no Gimnodesportivo de Alcobaça, foi importante neste caminho?
VC > Foi importantíssimo porque mesmo em termos de condições estamos muito mais à vontade. É totalmente diferente de Alcobaça, onde nem sequer tínhamos espaço para a formação. Aqui sentimo-nos em casa e os próprios adeptos também o sentem. Temos sempre 150 a 200 pessoas nas bancadas nos jogos dos seniores, por exemplo.
RC > Falando em seniores, foi também o ano “zero” da equipa feminina. Que balanço faz?
VC > Sendo a estreia, conseguimos, mesmo assim, fazer uma época engraçada. Acredito que na próxima época será ainda melhor e já estamos a trabalhar nesse sentido para podermos lutar por novos objetivos.
RC > O mister Joaquim Bernardes vai continuar?
VC > Sim, o CS Évora nunca esquecerá aqueles que ajudaram a escrever esta história e, se pudermos aliar esses valores humanos que defendemos, à qualidade desportiva, tanto melhor. O Joaquim Bernardes é disso um exemplo paradigmático.