Foi uma verdadeira noite de gala. E a verdade é que a comemoração do centenário do Grupo Desportivo “Os Nazarenos” não merecia menos do que o que aconteceu na noite deste dia 7, quando 400 pessoas encheram o pavilhão do Planalto para celebrarem um século de vida de um dos mais reputados clubes do distrito de Leiria e de um dos símbolos que carregam mais história por esse País fora.
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E foi esse misticismo que foi recordado por Júlio Vieira. O dirigente portomosense, em representação da Federação Portuguesa de Futebol, recordou a comemoração dos 75 anos do clube – que à época o deixou “desolado” por ter juntado apenas quatro dezenas de pessoas num restaurante na vila – para enaltecer a união que ficou demonstrada na noite do passado sábado, que não contou com mais gente porque a lotação era… limitada a 400 pessoas.
A importância histórica do Grupo Desportivo “Os Nazarenos” foi também ressalvada pelo presidente da Associação de Futebol de Leiria, que reiterou que era da mais elementar importância que a associação que rege o futebol, futsal e futebol de praia distrital, estivesse representada. “O Nazarenos, a par do Caldas, Marinhense e Bombarralense, foi um dos clubes fundadores da nossa associação”, recordou Manuel Nunes, elevando um clube que “passou por dois mundos, dois séculos e dois milénios”.
“Um clube que sobreviveu a três regimes políticos”, reforçou o dirigente, relembrando também os “nazarenos” que contribuíram, e contribuem, para o desenvolvimento da missão da AF Leiria.
A gala do centenário do Grupo Desportivo “Os Nazarenos” decorreu nas instalações do Planalto – clube que assinalou, no último ano, o meio século de vida – e que o presidente da Câmara fez também questão de enaltecer no início da intervenção.
Depois, Manuel Sequeira recuou no tempo para recordar a mudança para o novo estádio do clube, que provocou algum “desapego”, mas que ao longo dos tempos foi sendo recuperado, fruto do trabalho das diversas direções que lideraram o emblema alvinegro, falando também no símbolo do clube, em que a gaivota afinal… é uma águia. “Gostei muito de saber”, gracejou Manuel Sequeira, que, curiosamente, é adepto confesso do… Sporting e que apenas soube deste facto na sequência da apresentação do livro “100 anos de histórias a preto e branco”, no passado dia 3, da autoria de Joaquim Paulo, antigo jornalista e diretor do REGIÃO DE CISTER.
Além disso, o presidente da Câmara recordou também o tempo em que, aos 18 anos, presidiu ao Conselho Fiscal e que, por isso, tinha “o cartão para aceder a todos os estádios do distrito de Leiria”.
A noite foi de gala e os discursos foram, por isso, parte do guião daquela noite simbólica. Até porque marcaram presença algumas das figuras mais importantes ao longo do século de vida do clube. Foram recordados todos os presidentes até então – através dos familiares, no caso dos já falecidos –, assim como as duas sócias mais antigas – a n.º 15 e n.º 18, com quase 50 anos de “fidelização” – e também sócios e amigos do clube que faleceram este ano, mas que deixaram uma marca indelével.
Além destes momentos, que motivaram fortes aplausos, alguns deles com alguma emoção à mistura, houve mais um ponto alto, quando os futebolistas Stephen Eustáquio (FC Porto), Ricardo (Sporting) e Tiago Esgaio (Arouca), assim como o técnico Mauro Eustáquio (adjunto da Seleção do Canadá), enviaram mensagens de vídeo a parabenizar o centenário do GDN. São atualmente os rostos mais visíveis da história de um clube ímpar no panorama distrital e nacional.
Foi precisamente esse o sentimento partilhado depois pelo presidente do clube ao REGIÃO DE CISTER. “Esta é uma data verdadeiramente histórica para o Grupo Desportivo “Os Nazarenos” e tínhamos de a assinalar da melhor forma”, frisou Nuno Soares, recordando que o clube entra agora num restrito lote de clubes centenários em todo o território nacional. E esse estatuto, acrescentou, é um “motivo de enorme orgulho” para todos.
Para os atuais, mas também para os que ao longo dos últimos 100 anos têm “dado o seu cunho, o seu suor e as suas lágrimas” para continuar a (e)levar o clube até altos patamares. “Não só desportivos, como também humanos”, acrescentou o jovem dirigente, ele que assumiu a presidência dos alvinegros no ano passado e que foi o responsável por liderar o clube em data tão importante.
“É para mim uma honra enorme ficar associado como presidente nos 100 anos do Grupo Desportivo “Os Nazarenos”, mas volto a acrescentar que este trajeto deve ser destacado pelo esforço de todos os nazarenos. Dos presidentes, dos dirigentes, dos coordenadores, dos treinadores, dos jogadores, dos colaboradores, dos sócios, dos adeptos e da comunidade em geral”, asseverou Nuno Soares, não esquecendo os patrocinadores que mais ajudaram a atual Direção no primeiro ano de mandato.
Fundado a 3 de setembro de 1924 – embora já existisse desde janeiro desse ano – o Grupo Desportivo “Os Nazarenos” é um emblema histórico no distrito de Leiria, tendo pelo clube passado diferentes gerações da mesma família. Famílias essas que foram cruciais para formar uma família ainda maior – a dos alvinegros –, que representam uma vila à beira-mar plantada na qual se costuma dizer que há talento de sobra e coragem e resiliência para “dar e vender”.