É natural do concelho de Tarouca, no distrito de Viseu, mas mudou-se para Alcobaça por amor há mais de três décadas. E é também pelo amor à arte que José Júlio Lopes é sapateiro há 28 anos na cidade de Alcobaça.
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“Quando era pequeno já fazia algumas coisas e depois proporcionou-se abrir o meu espaço aqui na cidade”, confidenciou o empresário, de 66 anos, ao REGIÃO DE CISTER, que inaugurou o estabelecimento na Rua Afonso de Albuquerque meio ano depois de se ter mudado para Alcobaça, onde tinha chegado depois de ter emigrado para a Suíça.
“Todos me conhecem como o sapateiro de Alcobaça”, brincou, explicando que o gosto pela arte começou ainda em criança, momento em que aprendeu o ofício com um tio.
“Abri o espaço a 1 de junho de 1996 e poucos dias depois nasceu o meu segundo filho, jamais me podia esquecer”, atirou José Júlio Lopes ao REGIÃO DE CISTER, recordando um início atribulado daquele que foi também o primeiro e único negócio a título individual.
“Conheci muita gente de Alcobaça devido a esta profissão, mas no início foi mais complicado estabelecer o negócio”, relembrou, acrescentando que foi o “marketing boca-a-boca” que permitiu que depois o negócio crescesse.
“Começo a trabalhar às 7 da manhã, paro à uma para o almoço e depois só fecho o estabelecimento às 19 horas”, contou o sapateiro, que passa os dias a costurar sapatos, malas de mulheres, sacos de viagens e outros pequenos adereços. “Só assim consigo dar vazão ao trabalho”, assevera.
E para o sucesso que tem adquirido ao longo dos anos muito se deve à qualidade do trabalho, que é reconhecida pelos clientes e que permite que os seus serviços sejam requisitados muitas vezes por… recomendação e também pelos preços. “Os meus preços são baixos. Nunca escaldo ninguém no trabalho que faço. Cobro o justo valor e por isso mantenho-me com clientela fiel”, justificou o alcobacense “de coração”. “Tenho clientes que, quando vêm de França de férias, trazem sacos de calçado para arranjar”, revelou José Júlio Lopes.
“É uma paixão e o que faço, faço com gosto, o melhor possível e dentro daquilo que eu sei”, sublinhou o sapateiro que laborou praticamente os 28 anos sozinho naquele estabelecimento. “Eu, a minha oficina e a rádio”, gracejou.
Para o futuro, o empresário, que também serve em casamentos e batizados aos fins de semana, avançou que “não quer passar dos 70 anos a trabalhar”, idade que fará o espaço comercial assinalar 32 anos de atividade.
Depois disso, pretende arrumar tudo – uma vez que os filhos não têm pretensões de prosseguir com o negócio – e gozar a reforma. “A melhor herança que lhes deixarei é o reconhecimento do serviço que creio prestar à cidade de Alcobaça”, finalizou o sapateiro, pelo qual já passaram milhares de sapatos, malas e carteiras pelas mãos.