Terça-feira, Novembro 25, 2025
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A tristeza de Susana

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Creio que, para além do processo que a fez candidata, sem primárias, sem a
consideração de outras alternativas, Kamala não “viu” a realidade americana

Gaspar Vaz

Na última edição deste jornal, Susana Santos finalizava o seu artigo, dizendo “Estou tão triste”.
Eu também, Susana. Eu também estou muito triste. Eu também não compreendo porque é
que um homem mau, com um discurso primário, com um desconhecimento espantoso sobre a
geopolítica mundial, com uma gestão indigente e criminosa da covid 19, “arrasa” deste modo.
Mas há mais incompreensões: 1. como é que ex-emigrantes são contra novos emigrantes? 2.
Como é que os latinos, uma vez integrados, são a favor das fronteiras a sul – que barram,
sobretudo, latinos? 3. Como é possível que uma grande quantidade de negros – que fazem
grandes manifestações em que dizem “ black lives matter” – vote num candidato branco,
claramente racista? Quanto aos “brancos”, sobretudo os do interior, nenhuma surpresa: o
estereótipo está de acordo com a realidade…

Porém, haverá razões para interrogar a democracia: porque é que Kamala Harris perdeu tão
fragorosamente? Creio que, para além do processo que a fez candidata, sem primárias, sem a
consideração de outras alternativas, Kamala não “viu” a realidade americana. Com ou sem
razões substantivas, ficou estabelecido que os Estados Unidos, estando melhor em termos
macroeconómicos, deixaram menos dinheiro nos bolsos dos americanos – fossem eles negros,
latinos, emigrantes… Em vez disso, falou em aborto, igualdade de género… em termos
fraturantes, enfim. Talvez tivesse bastado prometer mais uns dólares nos bolsos e ter
combatido a ideia de insegurança.

Porém, Susana, concordando com os fundamentos da sua tristeza. Deixe-me chamar a atenção
para um fator de escândalo: Elon Musk. Estou a falar de um génio, sem dúvida. Mas é o melhor
argumento contra a meritocracia. Na verdade, o império que Musk construiu, permite-lhe uma
performance só ao alcance dos antigos imperadores. Ele é muito mais poderoso que todos os
oligarcas russos. Se comparássemos a sua riqueza com o PIB dos países, ele estaria acima do
20º lugar mundial, acima de Portugal, da Roménia, da Ucrânia, da Finlândia. E valeria cerca de
sete vezes mais do que o PIB da Bolívia – grande produtor do Lítio, que permite que os seus
Teslas funcionem… Não tem exércitos, mas tem uma rede de satélites – Starlink e suas
sequelas militares – que pode permitir que um país em guerra, como a Ucrânia, fique às
escuras no meio de uma batalha. Este senhor tem pouco mais de 50 anos, mas domina o
mundo. É um génio, mas não é preciso lembrar outros, ainda que sejam do mal.
Não queria estar, mas estou: Estou muito triste, Susana.

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