Depois de terminar o 12.º ano na Escola Secundária de Porto de Mós, decidiu tirar um ano sabático para “conectar-se com o mundo e explorar novas realidades”, longe de imaginar que antes de entrar no mercado de trabalho embarcaria numa missão de voluntariado na Escola Humberto Braima Sambú na Guiné-Bissau, em África. Com apenas 18 anos, Guilherme Dias, natural da Calvaria de Cima, está, juntamente com outro voluntário, a desenvolver um apoio escolar de informática com a finalidade de serem ali desenvolvidas competências digitais.
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“Queria sair da minha zona de conforto e entender as diferentes formas de viver que se espalham ao redor do nosso mundo”, explicou o jovem ao REGIÃO DE CISTER, justificando a oportunidade de fazer voluntariado. “Bissau, com a sua conjuntura política e económica instável, é um lugar onde a educação é ainda um luxo distante para muitas crianças. Mesmo assim, a paixão pela educação e a força da comunidade guineense são inegáveis”, conta o também antigo aluno do Instituto Educativo do Juncal, onde frequentou o ensino dual. “Não consigo deixar de reparar em como o rosto dos alunos se enche de alegria quando lhes pergunto sobre ambições profissionais. Em tempos, bastantes portugueses viajavam até à Guiné em missões militares. Eu vim também com uma missão: a de impactar positivamente a vida de pessoas que, apesar das dificuldades, ainda alimentam sonhos e expectativas”, sublinha Guilherme Dias.
Com o acesso às ferramentas informáticas que o jovem está a implementar, “os alunos poderão expandir os seus horizontes, preparando-se para um futuro mais promissor”, acredita o calvariense. “Estamos também a divulgar o programa de apadrinhamento da escola visto que as famílias das crianças não têm capacidade económica para pagar as propinas”, acrescenta o voluntário. Sem apadrinhamento e constantes greves de docentes nas escolas públicas (“porque os professores, muitas vezes, não são pagos devidamente”), as crianças vêm-se obrigadas a desistir da educação. “Um padrinho paga cerca de 100 euros anuais durante o período de estudos do afilhado, o que se torna uma perda praticamente insignificante para nós mas um ganho inestimável numa vida e na construção de um futuro”, lembra o jovem, que já tinha participado na Academia de Solidariedade do IEJ.
“Através do voluntariado, percebi que, apesar do imenso trabalho que se encontra pela frente, as grandes mudanças começam com pequenos gestos. É ao nos conectarmos com realidades diferentes da nossa, como a da Guiné-Bissau, que damos valor ao tanto que temos comparado com este povo que é tão alegre com o tão pouco que tem”, conclui o jovem de apenas 18 anos.