A equipa dos Cuidados Paliativos do Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (Hablo) quis mostrar o dia a dia dos utentes que estão nesta unidade. Mostrando que “Há Vida nos Cuidados Paliativos” através de uma exposição, com o intuito de desmistificar o que se passa naquela realidade.
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Com a colaboração da fotógrafa Piedade Oliveira, a exposição poderá ser vista na Biblioteca Municipal de Alcobaça até à próxima quarta-feira.
“O grande motivo para avançar para este trabalho foi mostrar que dentro dos cuidados paliativos existe vida. Infelizmente esta unidade ainda está muito associada a uma fase terminal e para nós era de extrema importância mostrar exatamente o oposto”, começa por explicar uma das enfermeiras em funções de coordenação dos serviços dos Cuidados Paliativos em Alcobaça.
Para isso, a equipa quis recorrer a um “olhar externo” e imparcial, que ajudasse a retratar o quotidiano de utentes, famílias e profissionais de saúde. “Acima de tudo olhamos para os utentes enquanto pessoas e não pela doença que cada um tem.
Na verdade, temos muitos utentes a ter alta da unidade, nem todos acabam por falecer, e isso era importante transmitir”, vinca Isabel Semeão. Piedade Oliveira foi a escolhida para registar os diferentes momentos vividos naquela secção do Hablo.
Visivelmente emocionada, a fotógrafa, natural de Fátima, fez uma visita guiada pela exposição durante a inauguração (no passado dia 17 de fevereiro) explicando as motivações que a levaram a aceitar o desafio. “Tinha feito um projeto sobre uma rapariga que teve cancro e sinto que ajudou outras mulheres na mesma luta”, começou por dizer ao REGIÃO DE CISTER.
“Se estas enfermeiras vieram ter comigo com o propósito de desmistificar os cuidados paliativos, tentei fazer esse trabalho, mostrar o outro lado desta unidade até para mim”, revela. O contacto com a referida secção do Hablo antes e durante a execução deste projeto fez Piedade Oliveira mudar a perspetiva sobre aquela realidade, sendo também isso uma motivação para transmitir tudo o que absorveu (e aprendeu) através da fotografia.
“Tantas vezes ouvimos que para morrer que não é preciso sofrer tanto. E lá nunca vi um paciente queixar-se, não estou a florear as coisas, mas percebemos que até ao final as pessoas não sobrevivem apenas, vivem naturalmente”, conta a profissional.
A exposição, que mostra momentos de convívio entre profissionais, utentes, famílias e outros detalhes, contou com a presença do presidente da Câmara de Alcobaça, que aproveitou o momento para deixar palavras elogiosas à equipa dos Cuidados Paliativos do Hablo, salientando a humanização dos serviços. “O que me chega é sempre a dizer bem desta unidade.
Aquilo que é retratado nas fotos diz tudo, vê-se o carinho e a humanização que, hoje em dia se tem vindo a perder, mas que ainda persiste nesta unidade”, apontou Hermínio Rodrigues, num pequeno discurso a todos os presentes durante a inauguração da mostra.