O desporto tem o condão de ser transformador de uma sociedade e o Ginásio Clube de Alcobaça faz desses chavões solidariedade, empatia e olhar ao próximo a sua melhor tática dia após dia.
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Prova disso foi a missão a que o clube se propôs recentemente ao viajar até ao Centre Jeunes Kamenge (CJK), no Burundi, um pequeno país do continente africano, para entregar equipamentos desportivos do clube a crianças e jovens desfavorecidos, mas que encontram no futebol, e no desporto, um escape para os infortúnios da vida.
Um gesto tão simples quanto demonstrativo do espírito “ginasista”. Criado em 1990, o CJK é um centro de acolhimento com ligações religiosas e destinado a crianças e jovens de minorias étnicas que ficaram órfãos de famílias, mas também de outros direitos que devem contemplar qualquer ser humano.
Desde o acesso à alimentação – atenuada pelo trabalho desenvolvido pelos membros daqueles centro –, a roupas, higiene, educação (…). São crianças e jovens que ali encontram um “refúgio de esperança no qual se constrói a paz e a unidade num país marcado por desafios profundos”.
“Através da educação, do desporto e da cultura, o Centro tem sido um farol de inclusão, igualdade e amor ao próximo”, contextualizou o secretário-geral dos azuis e responsável pela entrega de cerca de 40 equipamentos do Ginásio àquelas crianças. “Foi com o coração cheio de emoção que levámos, de Alcobaça, equipamentos com as nossas cores, com a esperança de desenhar sorrisos nos rostos das crianças do centro.
Pequenos gestos, mas que carregam grandes sonhos”, sublinhou Nuno Rainho ao REGIÃO DE CISTER, revelando como tudo se sucedeu. A propósito de uma viagem de trabalho, o dirigente propôs o transporte de equipamentos para aquela zona do globo, repto prontamente aceite pela Direção dos azuis, que rapidamente albergou equipa- mentos guardados para serem entregues. Assim foi, com a doação a ser protagonizada durante a última semana.
A reação, conta, foi emotiva: “Vi muita alegria entre eles”, relatou o alcobacense, sublinhando que “apesar das poucas, ou muito poucas, condições que têm, há sempre um sorriso na cara”. “Estão sempre dispostas a ajudar e a dar, muitas vezes, o pouco que têm”, acentuou o representante ginasista. Naquele centro, as crianças e jovens têm aulas durante o dia e, ao fim da tarde, fazem do desporto (futebol, voleibol e atletismo) a sua ocupação.
O desejo maior é que possam construir o próprio futuro sem ficarem reféns das maleitas da vida que os colocaram em contextos vulneráveis. Por vezes, mesmo sem acesso a alimentação ou a um espaço na comunidade onde se integrassem. “A ideia é começar a fazer este tipo de ações com maior regularidade e, não só no Burundi, mas também noutros países. Queremos levar a solidariedade do Ginásio e das nossas gentes para mais sítios onde existem contextos de maior vulnerabilidade”, revelou Nuno Rainho.
E deixou um repto a toda a comunidade alcobacense: “todos os que viajarem para zonas com maiores carências, que contactem o Ginásio porque, certamente, vamos ter sempre algo para ajudar”, apelou, renovando os votos de que o Ginásio Clube de Alcobaça continue a afirmar-se como um clube solidário. “Já durante o início da guerra na Ucrânia enviámos duas carrinhas repletas de materiais recolhidos no clube, mas também por outras entidades da cidade”, recordou.
“Espero que este tipo de momentos possam ser transmitidos e incutidos às gerações vindouras para que o clube mantenha a sua missão de formar desportistas, mas, sobretudo, pessoas de caráter e com valores bem vincados”, assegurou o presidente dos azuis, Hélder Nunes.
Fundado a 1 de junho de 1946, e sob o mote “Melhores pessoas, melhores atletas”, o Ginásio Clube de Alcobaça “transformou” o azul na cor da esperança por entre aquela comunidade africana e faz da solidariedade uma das táticas (mais importantes) para conseguir a vitória no jogo mais importante de todos.
Aquele no qual, sem discriminações étnicas, raciais, sociais, religiosas ou financeiras, todos podem(os) ser verdadeiros craques.