José Damásio Campos chegou, no passado 8 de abril, ao século de vida. Fê-lo lúcido, com forças rejuvenescidas e na melhor companhia possível: a da família, dos amigos e também de utentes da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça. É, à data, o mais velho utente daquela Instituição Particular de Solidariedade Social, e o momento simbólico contou até com a presença de um neto que regressou de França precisamente para soprar as velas ao lado do avô.
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A emoção foi muita. E começou logo com a entrevista aos jornais locais, que o levou a recordar tempos idos. Natural de Monte de Bois, José Damásio Campos começou por ser agricultor mas, mais tarde, para fugir ao “trabalho duro”, acabou por trabalhar na Companhia de Fiação e Tecidos de Alcobaça, onde esteve durante mais de uma década. Posteriormente, tornou-se empresário, criando um café, uma mercearia e um talho, que estiveram de portas abertas durante quase 50 anos na localidade onde nasceu e cresceu.
Hoje, o centenário reside na Misericórdia de Alcobaça — o seu “lar” apenas desde este ano, quando deixou de estar aos cuidados da filha mais nova. Mas, naquele espaço, garante sentir-se “bem” e afirma ser “uma casa onde há muita entreajuda”.
Sem nunca esquecer o passado, recordava que tinha sido o “terceiro encartado de Monte de Bois” e que só começou a “descontar” já na década de 1940. Vagueou pelas memórias longínquas: da agricultura aos bombeiros, da Junta de Freguesia do Bárrio — onde desempenhou funções — ao amigo Tarcísio Trindade, passando por tantas outras histórias que lhe davam gosto recordar.
Entre as memórias, iam surgindo também os familiares. Os quatro irmãos ainda vivos fizeram questão de estar presentes, e isso, como não podia deixar de ser, emocionou o senhor Zé Damásio até às lágrimas. Contudo, nem essas o impediram de, antes de se cantarem os parabéns, ler de forma impecável um discurso que havia preparado para aquele dia especial.
Agradeceu a todos, depois de também ter ouvido “Cartas de Amor”, de Tony de Matos, interpretada por Carla Roxo. Ficou, inclusive, a promessa de que a 8 de abril de 2026 os jornais voltarão à Misericórdia de Alcobaça para celebrar mais um aniversário ao seu lado.
Antes disso, e dentro de três meses, será a dona América — também utente da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça — a completar um século de vida.