Quinta-feira, Outubro 16, 2025
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Democracia, do grego demos (povo) e kratos (poder), ou seja, o poder do povo

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É certo que algumas vozes se erguem contra o regime, e vejo, com alguma preocupação, quem aplauda estas opções porque destruir o regime é destruir a democracia e as suas possibilidades de saudável confrontação.

Susana Santos

Porque será que é mais comum assistirmos a grandes críticas do que a grandes elogios? Seja nas redes sociais, onde livremente se comentam a vida, as opiniões e o carácter de quem se conhece e, mais frequentemente, de quem se desconhece, seja nas conversas de café, parece ser mais fácil censurar do que fazer uma apreciação positiva. Isto faz-me espécie e, ao longo destas férias fartei-me de ouvir conversas que me levaram a refletir sobre isto. Então não será mais agradável dizer de alguém que “está bonito”, “escreveu bem” ou “teve coragem” do que comentar “não gosto dele” “é um canalha” ou “é arrogante”, já para não falar de outros vitupérios que, de tão tóxicos, dizem mais de quem os profere do que do seu alvo?

Não escolhi estes exemplos por acaso. Quase sempre as notas positivas se limitam a uma imagem, uma opinião ou um texto. São elogios circunscritos àquele momento. Já quando é para dizer mal, toma-se a parte pelo todo: a pessoa não está suja, é porca, não escreveu mal, é burra, não teve pouca coragem, é cobarde.

E todos sabemos que uma circunstância apenas não basta para definir o carácter de alguém. Basta ler as biografias dos grandes do nosso mundo para constatarmos isso mesmo. Heróis, poetas, filósofos, líderes políticos e militares, artistas, visionários, escritores e cientistas, são pessoas que, por atos valorosos se foram da lei da morte libertando, como diz o nosso poeta maior. Mas mesmo estes exemplos ostentavam muitos defeitos. Uns tinham grandes vícios, outros episódios de violência, outros ainda eram grandes sovinas. Todos, todos cometeram erros. No entanto nenhuma destas características os definiu ou os imortalizou. Os atributos que nos inspiram e que os transformaram em imortais são outros. E são esses que vale a pena comentar, seja para nos servirem de exemplo, seja para aprendNo domingo passado decorreram, de forma pacífica e, diria até, feliz, as eleições autárquicas. Milhares de cidadãos, novos e velhos, experientes na política ou recém-chegados, incumbentes ou desafiadores vieram, livremente, dizer ao que vinham. Fizeram propostas e contrapropostas, criticaram e prometeram de acordo com as suas convicções. Quiseram participar no governo da coisa pública, nas assembleias de freguesia, nas câmaras, nas assembleias municipais. Submeteram-se à avaliação dos seus pares e, no final, aceitaram o veredicto.

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Estou grata a todos esses cidadãos livres. A restante população ouviu, ou decidiu não ouvir, votou ou decidiu não votar e todos fizeram livremente as suas opções, sem sobressaltos, sem medo e sem represálias.

É certo que algumas vozes se erguem contra o regime, e vejo, com alguma preocupação, quem aplauda estas opções porque destruir o regime é destruir a democracia e as suas possibilidades de saudável confrontação. Ainda assim, no domingo passado, celebrámos a festa da democracia.

E são dias como este que me fazem acreditar na força deste regime e na alternância democrática. Acredito que todos, e neste todos incluo aqueles cuja ideologia é mais próxima da minha, devem ser sujeitos a essa alternância porque dela depende, também, o necessário escrutínio e a capacidade de avaliar as diferentes opções.

Compreendo algum desencanto com a democracia e espero que os seus múltiplos defeitos provoquem a crítica e estimulem novas formas de avaliação, de exigência e de transparência. Já a possibilidade de substituirmos uma democracia imperfeita por qualquer regime totalitário, cuja manutenção implica sempre restringir a liberdade individual, deixa-me assustada. O totalitarismo, as suas conhecidas fórmulas de manipulação, organização e imposição estão bem explicadas nos romances de Orwell e ainda melhor nos livros de história.

Sem liberdade, o progresso, a dúvida, a descoberta e a opinião divergente, qualquer que ela seja, são silenciados, esmagados pelo medo ou fatalmente condicionados.

Há dias tivemos eleições e em breve voltaremos a ser chamados para escolher quem nos representa. Foi bonito. Repito, foi bonito. Foi também uma exibição de liberdade e de responsabilidade do lado dos eleitores e do lado dos eleitos. É o poder do povo, ou seja, o nosso poder!

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