Sábado, Novembro 23, 2024
Sábado, Novembro 23, 2024

De pequenino se faz um bailarino

Data:

Partilhar artigo:

Nos pés, as feridas. No corpo, as dores. Na alma, uma luta diária por querer fazer mais e melhor. Pode não parecer, mas para Ana Branco e Matilde Correia, é paixão. Uma paixão que dói, mas que nem por isso, as faz abdicar do sonho de um dia pisarem (nas pontas dos pés) os maiores palcos de bailado do mundo.

Nos pés, as feridas. No corpo, as dores. Na alma, uma luta diária por querer fazer mais e melhor. Pode não parecer, mas para Ana Branco e Matilde Correia, é paixão. Uma paixão que dói, mas que nem por isso, as faz abdicar do sonho de um dia pisarem (nas pontas dos pés) os maiores palcos de bailado do mundo.

Ana Branco começou a dançar muito nova. Tão nova que por ela hoje não fazia outra coisa. “Mas sei que tenho de estudar para seguir o meu sonho”, confessa a aluna, que vestiu o maillot e calçou as sapatilhas, pela primeira vez aos 5 anos. A frequentar o 10.º ano da Escola Secundária D. Inês de Castro, em regime articulado com a dança, a jovem bailarina confessa que se apaixonou pela dança na primeira aula. “A minha mãe diz-me que me inscreveu na dança para gastar energias e gostei tanto e aprendi tanto, que no 5.º ano resolvi conciliar os estudos na escola com a dança na Academia“, recorda. Na escola tem três disciplinas, na academia tem oito disciplinas. As aulas da dança “roubam-lhe”, em média, quatro horas por dia e mais de 20 horas por semana. Isso não são muitas horas para uma menina de 16 anos? “Claro que não, é aqui que me sinto bem”, responde, sem grandes hesitações.

Região de Cister - Assine já!

No caso de Matilde Correia bastava ouvir uma música para dar o ar de sua graça a dançar. Começou a dançar, “mais a sério”, aos 9 anos. A aluna, que frequenta o 6.º ano na Escola Frei Estêvão Martins, em Alcobaça, treina cerca de nove horas por semana. A pequena bailarina sabe que para ser uma grande bailarina tem de treinar muito, mas garante estar a trabalhar para o “currículo”. “Os professores são muito exigentes mas só assim é que aprendemos e evoluímos“, diz a menina, entre um sorriso tímido, enquanto olha para a professora Rita Abreu. “Bailarina sofre”, brinca a diretora pedagógica da Academia de Dança de Alcobaça. “Estar ao lado destas meninas é gratificante e desafiador ao mesmo tempo“, considera Rita Abreu, para quem a responsabilidade dos professores em lhes incutir as primeiras bases desta arte “é enorme”. 

Há que haver, pois, disciplina e rigor. Aliás, “muita disciplina e muito rigor”, garante a professora de dança. “No início é sempre mais complicado, mas depois os alunos vão percebendo que só assim é que conseguem ter sucesso”, adianta. Ana Branco que o diga. São mais de dez anos a testar os seus limites, a enfrentar novos desafios, a reinventar-se a cada novo passo. Um esforço que lhe sai do corpo, “o único e verdadeiro instrumento da dança”, como descreve a professora. Enquanto Ana Branco olha para os seus pés, diz “já estiveram piores”. A pequena Matilde faz uma cara feia e garante que os dela “não estão assim tão maus”. A professora acrescenta: “quando era pequena costumava dizer que quando tinha os pés mais ‘limpinhos’ estava triste, porque era sinal que não andava a dançar”. Um amor que dói, sem dúvida, mas por uma boa causa. 

Estes são os bastidores de uma arte que culmina no palco. O verdadeiro apogeu da dança, garantem as bailarinas. “Sinto-me livre, parece que me esqueço de tudo quando estou a dançar em cima do palco“, conta a menina de 11 anos. Ana sabe bem do que Matilde fala: “é uma sensação incrível. Tudo desaparece e quando damos por ela o espetáculo já terminou e ouvem-se os aplausos“.
As duas alunas da Academia de Dança de Alcobaça não ensaiam juntas, mas ambas estão a preparar a coreografia para apresentar no Concurso Internacional de Dança no Porto, que vai decorrer nos dias 1, 2 e 3 do próximo mês. Sim, as duas meninas vão ser duas das cinco solistas que a Academia de Dança de Alcobaça vai levar ao palco. Para Ana e Matilde é uma estreia. Não escondem o nervoso miudinho. “Se fizermos asneira toda a gente vê”, diz a bailarina mais pequena. A professora garante: “vamos fazer o nosso melhor!” Antes, no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Dança as duas bailarinas sobem ao palco do Cine-teatro de Alcobaça.

Ana e Matilde são o retrato de um mundo, onde os corpos se querem perfeitos, onde a persistência ganha, onde a paixão se alimenta. Não foi com uma perna às costas, mas quase, que a leveza destas palavras acompanhou o ritmo e os movimentos dos corpos destes pequenos grandes talentos. Sai uma salva de palmas?

AD Footer

Os senhores da guerra

Artigos Relacionados

Os senhores da guerra

Quem são eles? Somos todos nós. Quem no café, disparata sobre russos e ucranianos, israelitas e palestinos, sudaneses, como se...

Melanie Santos lança livro para inspirar gerações futuras

A alcobacense Melanie Santos voltou a “casa”, na quarta-feira da semana passada, para apresentar o livro “Além da...

Continente abre loja Bom Dia na Benedita

A loja Continente Bom Dia abriu, esta quinta-feira, portas na vila da Benedita, na Avenida Padre Inácio Antunes,...

Coleções da Vista Alegre conquistam prémios internacionais de design

A Vista Alegre, que está a celebrar os 200 anos, tem agora mais motivos para celebrar. Sete coleções...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!