A alcobacense Liliana Mendonça, investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC), vai estudar o potencial terapêutico de células estaminais neurais na Doença de Machado-Joseph (DMJ), graças a um financiamento de 49 mil euros da Association Francaise Contre les Myopathies (AFM).
A alcobacense Liliana Mendonça, investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC), vai estudar o potencial terapêutico de células estaminais neurais na Doença de Machado-Joseph (DMJ), graças a um financiamento de 49 mil euros da Association Francaise Contre les Myopathies (AFM).
“O transplante de células estaminais neurais poderá ser uma estratégia terapêutica com potencial de substituir neurónios perdidos e/ou danificados e ativar mecanismos de neuroproteção que permitem reduzir a perda neuronal que é significativa nesta doença neurodegenerativa”, lê-se em comunicado enviado pela UC.
O estudo pretende atestar a possibilidade das células estaminais neurais para o transplante serem obtidas do próprio doente, “evitando problemas de rejeição imunológica de células de indivíduos diferentes e questões éticas associadas a outras fontes de células estaminais como os embriões humanos”.
Na investigação, Liliana Mendonça vai proceder à transplantação de células estaminais neurais em ratinhos (murganhos) com DMJ para avaliar se são desencadeados efeitos benéficos. As células estaminais serão obtidas através de uma edição do código genético das células (reprogramação) da derme (fibroblastos), localizadas na camada intermédia da pele de doentes com DMJ.
A alcobacense, citada em comunicado, adianta que os “fibroblastos de doentes com a DMJ serão reprogramados em células estaminais pluripotentes induzidas (CEPI), as quais serão posteriormente ‘convertidas’ em células estaminais neuronais”. Depois da transplantação as células estaminais neuronais no cerebelo, parte do cérebro responsável pelo equilíbrio e que está afetada na DMJ, será avaliada a eventual melhoria da “performance motora dos murganhos com DMJ e a neuropatologia”.
A investigadora explicou ainda que será avaliada a ocorrência de uma “redução da perda neuronal e da neuro-inflamação”, associadas à doença, e através da avaliação da integração dos neurónios na rede neuronal do hospedeiro verificar “se as células transplantadas possuem a capacidade de se diferenciarem em neurónios funcionais”.
Para a alcobacense a aprovação do projeto demonstra que o trabalho desenvolvido nos últimos anos “tem qualidade e relevância científica”, revelando “a importância deste estudo para o avanço do conhecimento no campo da neurotransplantação”.
A DMJ é caracterizada pela descoordenação motora, atrofia muscular, rigidez dos membros, dificuldades na deglutição, fala e visão, associadas a um progressivo dano de zonas cerebrais específicas.