Quando, aos 11 anos, saiu de São Bento com a família à procura de melhores condições de vida no estrangeiro, estava longe de imaginar que anos mais tarde seria ele a esperança de milhares de sem abrigo… do outro lado do mundo.
Quando, aos 11 anos, saiu de São Bento com a família à procura de melhores condições de vida no estrangeiro, estava longe de imaginar que anos mais tarde seria ele a esperança de milhares de sem abrigo… do outro lado do mundo. A viver em Montreal há mais de 50 anos, Hermínio Alves, mais conhecido como Herman Alves, é um dos principais promotores de um projeto de combate à pobreza que tem como principal missão retirar das ruas os sem-abrigo daquela cidade canadiana.
“Os invernos são muito frios em Montreal, há dias com 30 graus negativos, e há umas 6 mil pessoas que não possuem uma residência fixa em Montreal. Essa causa toca-me muito“, adianta ao REGIÃO DE CISTER o empresário, que está envolvido em várias organizações e iniciativas de apoio a quem vive nas ruas. Depois de, em 1989, um sem-abrigo ter sido encontrado congelado no Parque Viger, o empresário envolveu-se na criação e desenvolvimento da instituição Share the Warmth, para angariar roupas para os sem-abrigo. “Encontrei três senhoras desta organização a caminho do meu trabalho. Como elas tinham dificuldades em ir buscar as roupas às casas dos doadores, ofereci os meus serviços e o meu camião, pro bono, para fazer a recolha e o transporte de roupas para o armazém”, recorda Herman Alves.
Desde então, já foram angariados mais de 1,2 milhões de dólares canadianos (820 mil euros), que foram canalizados para mecanismo sociais de combate à pobreza. Além disso, o empresário luso-canadiano esteve envolvido no projeto que converteu a igreja de Grace num centro comunitário, que é hoje a sede da organização.
O também presidente do Clube Rotário de Montreal, “um dos clubes mais velhos no mundo com 107 anos de existência”, esteve envolvido em eventos de solidariedade social, entre os quais o “Table of Hope” e o “Taste of the Nation” para angariar fundos para beneficiação da Share the Warmth.
É ainda enquanto presidente do Clube de Rotários que tem auxiliado um centro de saúde relacional que lida com mulheres em situação de risco e sem abrigo.
O portomosense é também um entusiasta na divulgação da cultura portuguesa, tendo criado dois festivais culturais para promover “a harmonia cultural através das artes da mesa (culinária), as artes visuais e das artes da cena” e aberto uma sala de fado em Montreal a que deu o nome de “Amália”. É também autor de três livros, dois que falam sobre Porto de Mós.
Com os pais a viver em Ribeira de Cima, confessa ter intenções de voltar em breve à sua terra: “Estou em preparação para regressar a Porto de Mós com intenções de me implicar na causa dos rotários, lançar uma discografia de música, lançar um dos meus livros (“O Burro que salvou o mundo”) e apoiar alguns artistas luso-canadianos como o tenor Remígio Pereira”.