Dizem os nossos críticos que somos uma terra de invejosos. Que não gostamos de ver a generosidade, nem a beleza, nem o sucesso alheios e que procuramos sempre defeitos nos outros para justificar o nosso egoísmo.
Dizem, mas não sabem o que dizem. Porque também somos a terra dos solidários, dos que ficamos felizes com o êxito dos nossos vizinhos, regozijamos com a beleza dos nossos amigos e ficamos genuinamente contentes com o sucesso dos nossos conterrâneos. E mais, também somos a terra da gente humilde que se sente elevada com os feitos dos nossos, contagiada pela generosidade dos que nos são próximos.
Há uns dias, um gesto de bondade fez a prova dessas nossas virtudes.
A Carla, uma mulher bonita, inteligente e com sucesso pessoal e profissional, assistiu a uma situação desesperada de um ser humano a quem já não restava esperança e ofereceu-lhe trabalho, casa e, sobretudo, devolveu-lhe a dignidade. Fê-lo porque está na sua natureza.
Poderíamos dizer que a Carla tem tudo e que, portanto, não terá preocupações. Nada mais errado, a Carla tem tudo e por isso, tem também um grande coração. Mesmo sem saber se, na natureza da pessoa que ajudou, está essa enorme virtude da gratidão ou, sequer, se ao seu desejo de ajudar corresponde a vontade do regresso à sociedade. Quando se é generoso, como a Carla, não se espera nada em troca, nem sequer a gratidão.
E de onde recebeu a Carla o reconhecimento que não esperava? Dos seus conterrâneos. Centenas de pessoas encheram-lhe o coração e a caixa de mensagens agradecendo o seu gesto e o seu exemplo.
Agora é a minha vez: Obrigada Carla. Por tua causa, além de dizer que sou de Alcobaça, da terra do bom pão e da maçã, da terra do Mosteiro e dos doces, agora também posso dizer que sou da terra da gente boa ou para facilitar, posso simplesmente dizer, orgulhosa, que sou da terra da Carla.