O Café Central do Juncal tem sempre as portas abertas. Seja para a bica matinal, para almoçar, para tomar o chá da tarde, acompanhado por uma merendeira de batata doce, para jogar os jogos de sorte ou de azar da Santa Casa ou até mesmo para “beber um copo” no final de um dia do trabalho.
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Manuel Ascenso e Maria Piedade Santiago abriram aquele estabelecimento comercial no Largo Dr. Brito Cruz, do centro da vila do concelho de Porto de Mós, há 46 anos, depois de se casarem. A antiga “Casa de Pasto Central” servia petiscos e refeições ligeiras, mas pouco tempo depois, abriu um café integrado no espaço. “Veio um sargento da guarda e disse-nos que não tínhamos autorização para vender café e que teríamos que ter um espaço à parte”, recorda o proprietário, em declarações ao REGIÃO DE CISTER.
Passados cerca de 15 anos, o casal construiu o centro comercial na vila, ao lado da “Casa de Pasto Central”, e abriu um restaurante na cave daquele estabelecimento, especializado em assados, que se encontra desativado há cerca de sete anos. “Tem sido uma vida inteira dedicada ao trabalho”, sublinha Manuel Ascenso. “Começámos do zero e fomos crescendo pouco a pouco”, acrescenta Maria Piedade Santiago.
A partir do início do próximo ano, o casal vai deixar os afazeres diários do café para viver uma vida mais tranquila e usufruir da reforma. Mas o negócio vai continuar em boas mãos, a cargo do filho e da nora, que além de ficarem com a gestão do café, têm também planos para reativar o restaurante.
“Pretendo dedicar-me à agricultura, mas claro que venho sempre dar uma mãozinha”, adianta o comerciante, entre risos. Também a mulher vai voltar ao Café Central sempre que tiver vontade para pôr as mãos na massa e confecionar as já famosas e deliciosas merendeiras que os juncalenses tanto gostam e não dispensam. O segredo são os ingredientes frescos e a “pitada de amor” que coloca em tudo o que faz. Mas o gosto pela culinária também ajuda. “Sempre teve boa mão para a cozinha”, confirma o marido.
O pão-de-ló de laranja é outra das especialidades da casa comercial. “É de comer e chorar por mais”, garante Manuel Ascenso.
Com as vidas bem diferentes das que têm hoje, os primos em segundo grau tinham o sonho de construir um negócio em comum quando se casaram. Antes, Maria Piedade Santiago trabalhava como cozinheira no Juncal e Manuel Ascenso, com apenas 12 anos, começou a vida profissional, na hotelaria, em Fátima. “Foi lá que aprendi tudo”, sublinha, com gratidão. Aos 21 anos, embarcou na vida marítima chegando mais tarde a combater na Guerra do Ultramar em África. Uma vida que deu voltas, mas que o trouxe de volta à terra natal.
Até final deste ano, este casal simpático do Juncal continuará a abrir o Café Central todos os dias às 6:30 horas e a fechar às 22 horas.