Leonel Ribeiro está a ponderar demitir-se do cargo de presidente da Junta de Alfeizerão, a três anos de terminar o terceiro e último mandato.
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As razões desta ponderação, justificadas ao REGIÃO DE CISTER, prendem-se, essencialmente, com a “falta de condições” que o atual chefe do executivo diz sentir para poder cumprir o mandato e, dessa forma, levar a cabo os objetivos a que se propôs desde que foi reeleito, em outubro de 2021.
Apesar de não querer alongar-se em justificações para a eventual saída, nem tão pouco “fazer qualquer tipo de acusações a quem quer que seja”, o social-democrata considera que, à data, não estão reunidas as premissas básicas para continuar a cumprir a vontade expressa pelos alfeizerenses nas eleições autárquicas.
“Estou, de facto, numa situação de profunda reflexão e, neste momento, o cenário mais provável passa pela minha saída da Junta de Alfeizerão. Não querendo estar a apontar o dedo a ninguém, nem sou ninguém para o fazer, a verdade é que sinto que estou no limite das minhas capacidades para exercer tão honrosa função”, começou por dizer o presidente da Junta de Alfeizerão, que foi eleito, pela primeira vez, nas autárquicas de 2013, sem qualquer adversário.
Leonel Ribeiro não deixa de sublinhar que na base da sua insatisfação está a falta de apoios financeiros para que possa continuar a fazer obra na vila. “Sinto que, no ano de 2022, Alfeizerão não beneficiou de subsídios aprovados na Assembleia Municipal. Em bom rigor, o único subsídio aprovado naquele órgão destinou-se ao pavilhão dos Sapadores”, esclarece o autarca, argumentando ainda que, por esta razão, “não tenho condições” para cumprir os objetivos para os quais mereceu a confiança dos eleitores alfeizerenses.
A tesouraria da Junta de Alfeizerão impede o executivo de avançar com as obras tidas como necessárias na freguesia, sendo esta uma das razões evocadas por Leonel Ribeiro: “A Junta de Freguesia de Alfeizerão não dispõe de fundos próprios”, recorda.
Instado a pronunciar-se sobre a relação com a Câmara de Alcobaça, e se daí poderia estar em cima da mesa um eventual desentendimento, Leonel Ribeiro recusou qualquer acusação ao executivo camarário, liderado por Hermínio Rodrigues, voltando a sublinhar que não tem qualquer intenção de deixar críticas. “Acredite que não estou mesmo contra ninguém. Simplesmente sinto que, desta forma, sem recursos financeiros, não consigo cumprir os objetivos para os quais fui eleito. É caso para dizer que o homem sonha, Deus quer, mas a obra não nasce. Afinal de contas, sem ovos não se fazem omeletes”, concluiu.
Mesmo não querendo pronunciar-se muito sobre a obra do Centro Escolar de Alfeizerão, a verdade é que a obra, anunciada pelo Município de Alcobaça como sendo “uma das etapas finais da conclusão da Carta Escolar, documento estratégico para a requalificação da rede de escolas do concelho de Alcobaça”, que teve um orçamento cofinanciado de 2,5 milhões de euros (programa Centro 2020), “cabendo à autarquia o custo de cerca de 800 mil euros”, e cuja conclusão estava “prevista para o final do ano de 2022”, ainda não está finalizada. Sobre esta matéria, o presidente da Junta de Alfeizerão limitou-se a dizer que “essa é uma obra muito importante para a freguesia de Alfeizerão e que a indefinição quanto à sua conclusão tem gerado bastante insatisfação entre a comunidade”.
O REGIÃO DE CISTER tentou obter uma reação do presidente da Câmara de Alcobaça, mas até à data não foi possível.