Em abril do presente ano, a Associação Comercial de Serviços e Industrial de Alcobaça e Região de Leiria (ACSIA) foi a eleições, tendo Inácia Caeiro sucedido a Jorge Vasco como presidente da Direção. Após 12 anos na estrutura da instituição, a também empresária, de 63 anos, chega agora à liderança com ideias “rejuvenescidas”.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > Chegou à presidência da ACSIA, mas já integra os órgãos sociais da instituição há mais de uma década, acompanhando a liderança de Jorge Vasco. Que alterações pretende implementar no decorrer do seu mandato?
INÁCIA CAEIRO (IC) > Numa fase inicial procedemos à reorganização de toda a equipa. Saíram alguns membros importantes e procurámos colmatar as suas saídas com a prata da casa. Para o próximo ano existem várias alterações que colocaremos em marcha. Queremos ser reconhecidos pelos empresários, de modo a estarmos mais próximos do comércio, da indústria e dos serviços para que possamos prestar todo o apoio que as empresas necessitam. Pretendemos também revitalizar antigas parcerias com bancos, hospitais e outras entidades importantes de modo a criar novamente mais vantagens para os nossos associados. Vamos reativar a nossa presença digital, quer no site, quer nas redes sociais, para estarmos mais perto das pessoas, a fim de divulgarmos todos os projetos em que estaremos envolvidos.
RC > Trabalhar com outras associações é também uma hipótese?
IC > Não é benéfico estarmos de costas voltadas com associações da Nazaré, Porto de Mós ou com a Associação Empresarial da Região Oeste (AIRO), por exemplo. Temos de estar todos unidos e vamos sempre promover estas ligações. Nesse sentido, em 2024, vamos participar no Congresso Empresarial do Oeste, promovido pela Federação das Associações Empresariais da Região Oeste (FAERO), num dia em que as associações empresariais do Oeste convidam os empresários a debater sobre o que é importante para a região.
RC > O que transporta para o seu mandato após com todo este percurso na ACSIA?
IC > Sobretudo trago uma melhor visão sobre a cidade. Embora seja empresária desde 1982 e trabalhe diariamente com empresários, às vezes não conseguimos ter uma visão correta sobre a realidade das coisas porque estamos no nosso ‘castelo’. Temos muita informação externa, mas não temos informação sobre o sítio em que vivemos. Para mim, todo este percurso foi enriquecedor nesse sentido, porque consegui perceber melhor as pessoas, a vivência, as dinâmicas e as alterações da cidade. Ao mesmo tempo tenho devolvido à cidade tudo aquilo que ela me deu. Foi nesta cidade que construí a minha vida e os empresários tiveram um papel fundamental nesse aspeto, porque confiaram nos meus serviços e pagaram (e pagam ) por eles. Nestes 12 anos, tenho procurado ajudar os empresários a desenvolverem as respetivas empresas para que tenham mais ‘saúde’ e capacidade para ajudar a sociedade que depende delas.
RC > Os últimos tempos exigiram, certamente, adaptações por parte da instituição na resposta aos problemas. Neste momento, quais são os principais desafios que se colocam ao setor empresarial?
IC > Precisamos de gente que se fixe em Alcobaça e que escolha o concelho para constituir família. Precisamos de turistas com poder económico para usufruir dos nossos serviços, para dormir nos nossos hotéis, para comer nos nossos restaurantes e para comprarem produtos aos nossos empresários. O grande desafio passa por criar e desenvolver condições para que mais pessoas venham até Alcobaça. Só assim o setor empresarial e a economia local poderão crescer.
RC > Estão delineadas estratégias para isso? IC > Nós sabemos o que se passa no terreno, conhecemos bem a realidade em que os empresários estão inseridos e podemos acompanhá-los no início e ao longo dos seus projetos, no esclarecimento de necessidades legais e fiscais, contribuindo para que se sintam mais seguros como empresários. Procuramos, através da proximidade com as empresas, aconselhá-las da melhor maneira tendo em conta os contextos onde estão inseridas. Não somos poder político, mas podemos ser uma força civil. Financeiramente dependemos dos serviços que prestamos às empresas e das quotas dos associados, desta forma é preciso estabelecer parcerias com as entidades mais poderosas, como as autarquias, para que possamos fazer a ligação entre os empresários e o poder político, reportando as dificuldades e unindo esforços para desenvolver políticas que sejam benéficas para o crescimento do setor.
RC > Quais são ameaças ao desenvolvimento do comércio e da indústria na atualidade?
IC > A própria legislação que regula a atividade económica e fiscal é muito complicada e desfasada da realidade empresarial. As leis não são claras, os empresários têm de dar muitas voltas, contactar muitos especialistas e gastar muito dinheiro para cumprir na perfeição com os requisitos que são pedidos. Estes processos são sempre muito complexos e pouco exequíveis. Depois, todo o setor empresarial é fustigado com taxas por aspetos mínimos. As próprias leis parece que estão feitas para as pessoas falharem e serem punidas. A juntar a isto podemos referir os impostos que são muito pesados e não favorecem o desenvolvimento das pequenas médias empresas. Quem quer criar um negócio e não tenha qualquer experiência fica desmotivado perante todas as exigências legais, impostos e contribuições que tem de suportar.
“É crucial contactar a ACSIA antes de abrir qualquer negócio”
Inácia Caeiro defende que a Acsia tem um papel fundamental em qualquer negócio comercial, intervindo antes da abertura do mesmo e acompanhando todo o trajeto da empresa e do empresário. “Antes de abrir um negócio, o primeiro pensamento do empreendedor deve estar em contactar a ACSIA, porque nós temos a capacidade de aconselhar, projetar um negócio legal e avaliar se o mesmo é financeiramente seguro e viável no presente e no futuro”, explica a dirigente.
A instituição apoia os atuais 530 associados em muitas vertentes, dispondo de gabinetes administrativo, jurídico e comercial, de formação e projetos, de segurança, higiene e saúde no trabalho e de higiene e segurança alimentar. Estas valências permitem que a ACSIA dê uma resposta multidisciplinar aos empresários com os quais colabora, estando presente em todas as fases de desenvolvimento dos empreendimentos.
“Estamos sempre disponíveis para ajudar e é necessário que atuais ou futuros empresários saibam disso”, salienta Inácia Caeiro. “Os nossos serviços são competentes, além disso temos estudos, informações e sugestões em vários domínios e setores que nos permitem orientar os negócios para um desenvolvimento sustentado”, garante a responsável, que defende uma associação de portas abertas.
Perfil – Inácia Caeiro
Nasceu em Évora (Alentejo), mas mudou-se para Alcobaça há mais de cinco décadas. Aos 63 anos, preside a Associação Comercial, de Serviços e Industrial de Alcobaça e Região de Leiria (ACSIA). A entrada nesta organização sem fins lucrativos aconteceu em 2011, como vogal, a convite de Jorge Vasco e João Campos. Frequentou o curso de Gestão de Empresas no atual Politécnico de Leiria. Hoje, concilia o cargo na ACSIA com a gerência da própria empresa de contabilidade e informática, a Digitware. A vasta experiência no ramo empresarial teve início em 1982 quando começou a colaborar com empresas através de serviços de contabilidade