Na Nazaré as festividades mais aguardadas do ano estão oficialmente abertas com a romaria ao Monte de São Bartolomeu, que aconteceu na passada segunda-feira. A festa profano-religiosa do São Brás junta centenas de foliões junto do Monte de São Bartolomeu, para comer e beber à volta de fogueiras, ao som das marchas do carnaval da Nazaré. Não é feriado, mas podia ser.









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Considerada uma das mais genuínas manifestações populares da Nazaré, a romaria de São Brás realiza-se anualmente e sempre no dia 3 de fevereiro, faça chuva ou faça sol. A partir das 9 da manhã os romeiros começam a “acampar” no pinhal, muitos “ensaiados” com o traje tradicional da Nazaré. No farnel levam carne para grelhar, morcelas e chouriços e há até quem leve carapaus enjoados ou sardinhas salgadas para comer com a broa. Acendem-se as fogueiras para preparar a refeição e mais tarde aquecerem-se. Os bailes improvisados acontecem por todo o lado, mas é mais perto do monte de São Bartolomeu que a banda principal anima os foliões, no mesmo palco onde são apresentados os reis. Os grupos de amigos, familiares, miúdos e graúdos, dançam, convivem e saltam a fogueira. As típicas passarolas (fatias de maçã seca curadas no fumeiro), ostentadas como colares, são obrigatórias na festa.

Com as mesas fartas de comida e bebida, ainda há quem arrisque com a venda de castanhas. Há mais de 60 anos que Alfredo Fonseca viaja de Leiria para a Nazaré para fazer negócio. Começou por trazer discos e cassetes e era o primeiro comerciante na “rua principal”. Agora, foi instalado perto do palco do baile. “Há uns quatro ou cinco anos que trago castanhas e brinquedos”, explica o comerciante, observando “muito povo”, mas lamentando-se que “não há dinheiro”. Com a romaria de São Brás, Alfredo Fonseca tornou-se cliente habitual das Tasquinhas de Valado dos Frades, mas ainda não se converteu num folião do Carnaval da Nazaré só porque “tem outros compromissos” nesses dias.

Já Rosa Valente, com 66 anos, não perde nenhuma festa do São Brás. Este ano vem com o Centro Social da Freguesia de Famalicão. “É uma tradição antiga, só quando está mau tempo é que não venho. Quando trabalhava na SPAL, durante 20 anos, parava aqui na camioneta quando saía do trabalho“, recorda a nazarena, partilhando que este ano vai “balhar” para o Mar Alto. “Isto é uma vez por ano, está tudo a morrer, temos de aproveitar enquanto cá estamos. Gosto é destas vidas. Excursões não gosto”, atirou Rosa, que aguardava o retomar da banda para ir “balhar”.
No baile estava Gisélia Pedroso, rainha do Carnaval em 2020. Aproveitou e agradeceu a tolerância de ponto da Câmara para celebrar a festa do São Brás. “O Carnaval está na alma dos nazarenos, o meu avô já escrevia cegadas e este ano também escrevi para crianças”, conta a nazarena, de 51 anos, que trouxe carne alentejana e vinho alentejano, “tudo do melhor para aproveitar o dia como deve ser”.
Mas o São Brás também atrai “palecos”. Há cerca de uma década que um grupo de alcobacenses vai almoçar ao São Brás e por ali fica. “Trabalhamos de manhã e depois almoçamos cá e o patrão dá-nos a tarde. Nos primeiros anos ainda fomos trabalhar a seguir ao almoço mas depois desistimos”, conta Miguel Bernardo. “Um dos nossos colegas que vive na Nazaré prepara a fogueira e nós trazemos a comida”, conta. A festa termina quando a última fogueira se apaga, mas o Carnaval da Nazaré ainda agora começou.
Festejos prosseguem com bailes de rua
Dado o tiro de partida do Carnaval da Nazaré, não haverá “paração” até ao dia 5 de março. Estão agendados vários “balhes” (de rua, de máscaras e de Carnaval), desfiles, cegadas e uma exposição.
Depois do baile de máscaras no Planalto, no passado sábado, é a vez da sala do Mar Alto receber o baile de máscaras no próximo sábado. No dia seguinte haverá baile de rua com 2Easy (Júlio Estrelinha e Valter Loureiro) às 15 horas no Largo da Misericórdia, na Pederneira.
No próximo fim de semana, no dia 16, às 15 horas, o baile, com André Codinha e Ricardo Caneco, decorrerá no Largo de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio.
Segue-se um dos pontos altos do Carnaval da Nazaré é o Sábado Magro, o “sábado” antes do Carnaval. Saem à rua alguns dos grupos de mulheres e de homens. Às 15 horas, na Praça Sousa Oliveira, haverá Baile de Rua com Vitor Maurício e Nuno Abelha. Nesse dia, na sala do Tá-Mar Rancho Folclórico & Casino Nazaré, também há baile de máscaras.
No dia 28, o Carnaval da Criança sai à rua. Em Valado dos Frades às 10 horas, em Famalicão às 14:30 horas e na Nazaré às 15 horas.
No sábado de Carnaval, 1 de março, haverá o desfile noturno a partir das 22:30 horas na Marginal da Nazaré. No dia seguinte, às 11 horas acontece a receção aos reis no Paço Real, no Sítio, e às 15 horas decorrerá o tradicional desfile na Marginal da Nazaré. O desfile repete-se na terça-feira, no dia 4, a partir das 15 horas. O entrudo enterra-se no dia seguinte, às 17 horas, no areal em frente ao Centro Cultural da Nazaré.
A exposição “Tá injoade c’má pardela”, mote deste ano do Carnaval da Nazaré, está patente na antiga lota, no Centro Cultural da Nazaré até 9 de março.