A “Arte e o Saber Fazer da Calçada Portuguesa” já pode ser visitada na Central das Artes, em Porto de Mós. A exposição, que retrata um ofício identitário do concelho e contempla várias vertentes relacionadas com a calçada portuguesa, foi inaugurada no passado dia 5, num momento que englobou ainda uma conferência sobre o setor e que surge na sequência da candidatura desta arte a património cultural imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
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O secretário-geral da Associação da Calçada Portuguesa, entidade responsável pela candidatura, explicou ao REGIÃO DE CISTER os pilares que compõem o documento.
“O principal eixo é a valorização dos calceteiros, que são os detentores e os transmissores do saber, sem eles não há calçada portuguesa”, afirma António Prôa, revelando os outros objetivos.
“Queremos a valorização da profissão, do produto da construção, ou seja, as calçadas artísticas, e pretendemos pôr a calçada no mapa, que as pessoas olhem para o chão que pisem e que o valorizem como um património único e como marca identitária portuguesa”, fundamenta.
Os calceteiros têm sido parte ativa na construção da candidatura junto da Associação de Calçada Portuguesa.
Nesse sentido, foi constituído um Núcleo de Calceteiros, composto por vários mestres do ofício, para apoiar a candidatura e defender todos os eixos em que está alicerçada.
O Município de Porto de Mós, sendo associado fundador da Associação de Calçada Portuguesa, não poderia ficar de fora da iniciativa.
Após a conferência e em declarações ao REGIÃO DE CISTER, Jorge Vala frisou igualmente a importância de “valorizar o património da calçada portuguesa e do saber fazer”.
O autarca classificou a associação do Município de Porto de Mós ao movimento de “inevitável”, pela ligação do concelho ao setor.
“É daqui que sai uma parte muito importante da matéria-prima para a calçada, como o calcário branco, o cinzento e o preto, mas também porque temos aqui um conjunto de obras artísticas de extremo valor e temos calceteiros, cuja sua importância deve ser salientada”, justificou.
O futuro da área foi também um assunto bastante debatido durante a conferência realizada antes da inauguração da exposição, sendo também uma das motivações que levam à candidatura.
A vice-presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (Assimagra) abordou precisamente os “muitos desafios” que o setor enfrenta, com especial incidência na “transmissão do saber”.
“Todos temos consciência da escassez destes profissionais e da dificuldade de atrair as novas gerações”.
Nesse sentido, Célia Marques vincou a urgência de “criar condições para a valorização profissional através de programas de formações especializados, dos incentivos financeiros e até da percepção pública”, defendendo que o ofício “deve ser visto como uma arte e não simplesmente como um trabalho manual de grande desgaste”.
A exposição, que acontece enquadrada na candidatura da Calçada Portuguesa a Património Cultural Imaterial da Unesco, pode ser vista até ao próximo dia 25 de março.
As entradas são gratuitas.