A obra inédita de Humberto Delgado intitulada “Elsa” vai ser publicada no próximo mês de fevereiro pela editora Guerra e Paz.
Desde defensor da liberdade até piloto aviador, são atribuídas muitas facetas ao General Sem Medo. O que pode ser desconhecido do público em geral é que Humberto Delgado também se notabilizou na escrita. Prova disso é a publicação, agendada para dia 17 de fevereiro do próximo ano, de um romance inédito do “filho adotivo” da Cela Velha escrito algures entre 1959 e 1963, período em que Humberto Delgado viveu exilado, no Rio de Janeiro, depois de ter sido candidato da oposição nas eleições presidenciais de 1958.
“Elsa. Romance de Costumes Políticos Portugueses”, que será editado pela Guerra e Paz, tem “traços autobiográficos evidentes”, adianta Frederico Delgado Rosa, neto e biógrafo de Humberto Delgado. “Apesar de ser uma obra ficcionada, há parecenças com a vida pessoal” do General Sem Medo, explica o historiador. O romance é protagonizado por uma “personagem principal feminina – Elsa – muito forte, que acaba por se envolver com um militar, Armando Dias, que pretende derrubar o regime salazarista”, acrescenta. A escolha por centrar a narrativa da obra numa mulher mostra, segundo o biógrafo, a “ligação extraordinária que Humberto Delgado sempre manteve com a mulher com M grande”.
A existência do manuscrito era conhecida pelos herdeiros de uma das maiores figuras de oposição à ditadura de Salazar. Através da Fundação Humberto Delgado, “foram desenvolvidos esforços para trazer o manuscrito do Brasil”. Tal só foi possível em 2005, conta Frederico Delgado Rosa ao REGIÃO DE CISTER, revelando que a obra estava na posse de familiares de Arajaryr Campos, secretária pessoal de Humberto Delgado que foi, aliás, assassinada em 1965 no famigerado tiroteio que terminou com a morte de Humberto Delgado em território espanhol.
Após uma exposição sobre a obra literária do General Sem Medo, José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, “interessou-se pela publicação de Elsa e a editora Guerra e Paz mostrou disponibilidade para o editar”, conclui o neto de Humberto Delgado.
O dia da publicação da obra, constituída por 185 páginas datilografadas em papel A4, coincide com a data dos 52 anos da morte de Humberto Delgado, que será assinalada com uma cerimónia simbólica, adianta Frederico Delgado Rosa.