Lembrei-me disto há dias e partilho convosco este desejo: plantar uma árvore pelo Natal, ou um pouco antes, que Dezembro, diz o Borda d’água, não é mês de plantar árvores.
Há muito tempo, por esta altura do ano, costumava sair com os amigos de infância, que agora são amigos de uma vida, em busca de um pinheirinho para fazer a árvore de Natal. Escolhíamos um pinheirinho cheio e direitinho, que ficasse bonito depois de decorado. Tínhamos uma secreta competição na habilidade da escolha.
Não havia árvores artificiais, nem estilizadas, nem comércio de pinheiros nórdicos naturais. Também não havia muitos ornamentos à venda nas lojas, nem tantas luzinhas de tantas cores.
As bolas coloridas eram bugalhos que colhíamos na mesma altura e aos quais enrolávamos as pratas dos chocolates comidos ao longo do ano, que esticávamos e guardávamos nas páginas dos livros antigos.
As fitas também eram, na sua maioria, artesanais. O brilho, ah! O brilho vinha das pinhas pintadas que uníamos com cordel para fazer pequenas grinaldas.
Era um ritual bonito, simples e saudável, que justificava inúmeras incursões na mata de ninguém, e muitos planos para que a árvore de cada um fosse mais vistosa que a do vizinho.
Agora não é assim. Agora a mata de ninguém é quase intransponível e a mata de todos foi toda queimada. Assim, sendo, este ano, ao invés de colher um pinheirinho, hei-de ir plantar uma árvore com os meus filhos. Se tudo correr bem, ainda trago comigo umas bolotas e uns bugalhos para enfeitar a árvore artificial lá de casa. Feliz Natal