Já foi taberna, mercearia, agência de rodoviária e agente de venda de produtos químicos da Cooperativa de Alcobaça. Nas últimas duas décadas, é ali, no coração da Benedita, que se servem cafés pingados de simplicidade e cheios de histórias. “Os Carmos” é um ponto diário de encontro de amigos.
Já foi taberna, mercearia, agência de rodoviária e agente de venda de produtos químicos da Cooperativa de Alcobaça. Nas últimas duas décadas, é ali, no coração da Benedita, que se servem cafés pingados de simplicidade e cheios de histórias. “Os Carmos” é um ponto diário de encontro de amigos.
Luís António Carmo, um dos dois irmãos proprietários do estabelecimento, confessa que “não há segredo para manter as portas abertas há quase oito décadas”, mas os clientes não têm dúvidas de que a simplicidade e a amizade são o melhor cartão de visita do café.
São precisamente os filhos, Luís António Carmo e Luís Carmo, que continuam a preservar a história de um espaço que foi fundado por António Carmo, há mais de 80 anos. “Este espaço sempre pertenceu à minha família e a vontade de dar continuidade ao legado do meu pai e do meu avô é a razão de ainda estar aqui todos os dias”, declara Luís António ao REGIÃO DE CISTER.
Quer seja para um café ou para uma “rápida vista de olhos pelas capas dos jornais do dia”, entre os quais o REGIÃO DE CISTER, diariamente o Carmos é paragem obrigatória para muitos beneditenses. “Temos clientes novos que nos visitam pela primeira vez e outros que durante toda a vida frequentaram o espaço. São clientes-amigos”, nota o beneditense. “Não posso dizer que haja um segredo ou uma especialidade da casa que faça o cliente voltar. Fazemos o melhor que podemos e talvez seja por isso que eles voltam”, confidencia o responsável.
Hoje em dia, os filhos honram a história do estabelecimento com quase um século, mas estão conscientes das dificuldades do futuro. “O meio já não é o mesmo e há muita concorrência. Acredito que a Benedita tenha espaço para todos, mas não podemos comparar com o que havia há uns anos”, declara Luís António, lamentando o desinteresse dos filhos e dos sobrinhos face à gerência do negócio. “Não acredito que os meus filhos continuem com a casa aberta. Infelizmente, não têm interesse nisto e eu e o meu irmão podemos ser a última geração à frente do negócio”, desabafa. “A nossa vida tem sido sempre aqui. O Carmos faz parte de nós e é o nosso ganha-pão, mas nada é eterno”, salienta. A estes fatores aliam-se as “taxas e taxinhas”, que tantas dores de cabeça dão aos gerentes.
Apesar de todos os constrangimentos, o café Carmos é, sem dúvida, uma casa com (muita) história por onde já passaram várias gerações, horas e horas de conversa “fiada” e amizades construídas com a convivência diária ao balcão. Mais do que uma herança familiar da família Carmo, o estabelecimento da porta número 33 da Rua Rei da Memória, reúne a história da freguesia da Benedita e da sua gente.