Há 44 anos que os portomosenses conhecem o sr. João e a D. Irene da Papelaria Rossio, localizada estrategicamente no centro da vila de Porto de Mós. Mas em Alcobaça também não passam despercebidos, não fossem eles naturais de Monte de Bois, no Bárrio, onde ainda passam todos os fins de semana.
Há 44 anos que os portomosenses conhecem o sr. João e a D. Irene da Papelaria Rossio, localizada estrategicamente no centro da vila de Porto de Mós. Mas em Alcobaça também não passam despercebidos, não fossem eles naturais de Monte de Bois, no Bárrio, onde ainda passam todos os fins de semana. Esta “Casa com História” da região herdou o nome do negócio anterior [Loja do Rossio], gerida por David Pinto, um dos responsáveis pela criação da Ginja MSR de Alcobaça.
Trabalhador da Crisal durante 25 anos, João Campos sonhava em seguir Direito quando regressasse do Ultramar, onde esteve nos paraquedistas. Mas a vida trocou-lhe as voltas e começou a ponderar em abrir em negócio próprio. Tendo conhecimento de que a loja de tecidos, de David Pinto, em Porto de Mós, ia encerrar… não pensou duas vezes em agarrar a oportunidade de ali instalar uma papelaria. ”Já havia outras papelarias em Porto de Mós, mas pensei que se tivesse algo mais que as outras podia resultar e comecei logo a vender brinquedos didácticos”, conta o comerciante, de 76 anos.
Com negócio aberto no n.º1 da Rua 5 de Outubro, desde 1 de abril de 1975, o alcobacense contou desde sempre com o apoio da mulher, Maria Irene Areias. “Nos primeiros tempos foi ela, que já tinha muita experiência no comércio em Alcobaça, que esteve aqui a 100%”, recorda.
Até final da década de 1980, o movimento da Papelaria Rossio era uma “coisa de outro mundo”. Os artigos diversos – até tendas de campismo se vendiam – ajudavam (e muito) ao negócio. O casal não tinha mãos a medir, principalmente no início do verão e no início do ano letivo escolar. E foram nesses “anos de ouro”, como lhes chamam, que foram criando a “grande família” desta casa. “Os professores apoiavam-se muito nas papelarias e foi-se criando uma relação de amizade e família muito grande”, realça João Campos. Tanto que o comerciante rejeita o termo “clientes”, justificando-se que “só tem amigos e família”.
João e Irene não escondem que as mudanças no mercado e no setor, e também as alterações dos hábitos dos clientes, pesam muito, valendo-lhes o facto de serem agentes oficiais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa há 30 anos. Hoje em dia, os jogos são o suporte para a papelaria (que emprega uma funcionária) abrir todos os dias da semana, exceto os domingos. “Se não fosse isso, não havia condições para manter a porta aberta”, confessa. Contudo, a Papelaria Rossio continua a ser uma referência na vila, nomeadamente na livraria – há clientes que vêm de longe só para ir comprar um livro que já não encontram em lado nenhum –, nos artigos escolares, nas fotocópias a cores e nos artigos de escritório. Ainda que em menor quantidade, os jornais e as revistas também vão saindo. E o REGIÃO DE CISTER também já se juntou à “montra da imprensa“, sem saber que há muito era lido por este casal alcobacense, “adotado” por Porto de Mós.