“All The Way”, ou “Até ao Fim” em Português, uma série disponível no Youtube, é o mais recente projeto audiovisual de Pedro Rilhó, radicado no Reino Unido há mais de uma década. Este é o projeto mais ambicioso do alcobacense e tem como temas centrais o preconceito, a integração dos emigrantes e o assédio sexual contra homens e mulheres.
“A minha paixão pelo cinema é muito antiga e depois de vários anos a viver em Londres, a batalhar no meio, sinto que estou num bom momento criativo e que já possuo as ferramentas para utilizar a minha voz em projetos”, revela o realizador e produtor. A experiência como emigrante foi uma das principais inspirações para a película, agora transformada em webserie. “Há vários anos a viver ‘longe de casa’, já enfrentei alguns momentos de tensão cultural, mas nos últimos anos verifiquei uma crescente dificuldade na criação de relacionamentos devido a ideologias diferentes”, frisa. Deste modo, Pedro Rilhó afirma que “All the Way”, projeto parcialmente financiado por uma campanha crowdfunding, é “uma reação ao Brexit e à eleição do Donald Trump”, assim como uma partilha de experiências pessoais e daqueles que o rodeiam. “Não quero apenas partilhar a minha experiência, mas sim dar voz a todos aqueles que já enfrentaram uma situação de preconceito. Creio que desta forma, a história que ambiciono contar se torna mais real”, sublinha.
A parceria com a alcobacense Joana Raimundo surge desta “filosofia”, visto que a “talentosa ilustradora” possui alguns elementos em comum com a personagem principal. “Para além de animar a curta, a Joana envolveu-se com vários outros aspetos gráficos e, por também ter vivido alguns dos episódios em causa, ajudou a ter uma visão feminina. Foi incansável… uma verdadeira companheira que contribuiu para o elemento diferenciador desta película”, elogia.
Filmado em tempo recorde, em pouco mais de três dias, e fruto do trabalho de cerca de 30 pessoas, “All the Way” já foi apresentado em vários palcos, mas para Pedro Rilhó este projeto ficará marcado por uma mensagem de um adolescente da Jamaica “a pedir mais episódios e onde afirmava que esta era a sua série favorita”. “Saber que há alguém que se identifica com a história que estou a contar faz com que tudo valha a pena”, acrescenta.
O alcobacense confessa já estar a preparar o próximo trabalho. E para isso ajuda sentar na esplanada, beber um café e ter o Mosteiro de Alcobaça como cenário de fundo. “Alcobaça inspira sempre as minhas criações. É uma cidade de artistas, muitos com os quais tive oportunidade de trabalhar. Uma cidade tão pequena, mas com tanto talento, algum espalhado pelo mundo, e é sempre tão bom voltar”, conclui.