Estamos perante a mais grave crise da nossa e das últimas gerações. Do passado, conhecemos relatos de peste, de guerras e de desastres naturais. No entanto, nunca, como nos dias de hoje, a crise foi tão global porque nunca se viajou tanto e nunca, como agora, tivemos acesso a tanta informação em tempo real, oriunda de todas as partes do globo. Estamos a viver a tragédia ao minuto, conhecemos o gráfico dos infetados em cada país, em cada continente. Reproduzimos modelos de comportamento, de defesa, de prevenção e, nalguns casos, de colaboração e entreajuda.
Na linha da frente deste combate estão os profissionais de saúde, e esse sistema tantas vezes desvalorizado que é o nosso SNS, cheio de heróis de máscara que, convém não esquecer, também têm pais e avós e filhos e irmãos e cônjuges em casa e que mesmo assim saem todos os dias para novas batalhas. Desde os médicos, aos motoristas das ambulâncias, passando pelos farmacêuticos e pelos profissionais de limpeza dos hospitais, aquele exército de anónimos é, neste momento, o nosso escudo contra o inimigo invisível.
Mas há mais, há gente de que ninguém fala e que também luta pela sobrevivência de todos: os trabalhadores da agricultura que nos garantem os alimentos, as indústrias que os transformam ou embalam, os profissionais que os transportam, compram e vendem. Todos se mantêm no seu posto. Todos fazem parte da imensa cadeia de abastecimento sem a qual ninguém pode sobreviver.
E também, uma vez mais, os jornalistas, as forças de segurança, os serviços de limpeza, de telecomunicações, de energia, de água, de transportes, entre tantos outros. São os garantes de um estado organizado, são a rede que nos ampara do caos.
Ao apelo generalizado a cada um, para ficar em isolamento e responsavelmente, evitar o contágio e evitar contagiar alguém mantendo o distanciamento social, gostaria de contrapor um apelo também à necessidade de valorizarmos e manifestarmos gratidão por aqueles que, abnegadamente, nos permitem isso mesmo, ficar em casa.