Setembro é um mês lânguido e saudoso. Há nele um prenúncio de inverno. E, por trás deste simbolismo, outras significações se insinuam: com as folhas a caírem, pensamos também no outono das nossas vidas, antes da estação final.
Porém, ou talvez por isso, Setembro é também um mês doce e poético. E, se quisermos parar estas evocações, setembro, no ciclo das escolas é também um mês de começo e de recomeços. Em setembro começam amizades e amores, ao ritmo dos novos anos escolares.
Este ano, este recomeço é diferente. Os alunos chegarão à escola com máscaras, distanciamentos e cautelas. Embora, aqui e ali, tentem o contrário, sentar-se-ão espaçadamente, respeitando a distância de segurança, deixando de lado a ignição das paixões que a linguagem do corpo desencadeia. Os adultos estarão atentos e vigilantes e, mais do que nunca, serão uma “seca”, agentes castradores. Mas continuarão a sê-lo. Terão de o ser, por causa de um inimigo invisível, com nome de vírus e que, na sua insignificância (foi esta a “razão” para os procedimentos de gente inteligente como o Trump e o Bolsonaro) verga povos e nações.
Este setembro ficará, por más razões na nossa memória. E, quando, enfim, sairmos deste pesadelo, ele ficará a motivar muitos relatos, lendas e mitos: era uma vez, em setembro de 2020… um ano que tinha tudo para ser perfeito, até porque Beethoven faria 250 anos e a vida prometia andar, por todo o lado, ao compasso da sua música.
Era uma vez em setembro, quando os alunos chegaram à escola cheios de máscaras no rosto.