A história do Café da Cruz, na Palmeira, é a prova de que memórias más se podem transformar em memórias boas. No local onde há 65 anos foi erguida uma taberna estava uma cruz de pedra que simbolizava a morte de alguém naquele local. O espaço comercial acabaria por se tornar no ponto de encontro da comunidade, sem esquecer as memórias de outros tempos.
A história do Café da Cruz, na Palmeira, é a prova de que memórias más se podem transformar em memórias boas. No local onde há 65 anos foi erguida uma taberna estava uma cruz de pedra que simbolizava a morte de alguém naquele local. O espaço comercial acabaria por se tornar no ponto de encontro da comunidade, sem esquecer as memórias de outros tempos.
Na década de 1955, Fernando de Oliveira, ou “Fernando da Palmeira” como era conhecido, decidiu abrir uma taberna típica no cruzamento entre a Rua da Ladeira, a Rua Principal e a Rua Direita num local marcado pela tragédia. “Antigamente havia a tradição de colocar uma cruz no local da morte de alguém. Curiosamente o meu sogro optou por abrir a sua taberna num desses locais, o que serviu de inspiração para o nome Café da Cruz”, revela Adelino Lucas, atual gerente do espaço. A dita cruz ainda faz parte da história do espaço, estando embutida na fachada do edifício, por cima da porta da entrada.
Anos mais tarde, o empresário abriu portas a uma pequena mercearia. “Era um grande auxílio para a comunidade que não tinha transporte para descer à então vila de Alcobaça”, recorda o eborense.
Depois de largos anos a viver na Alemanha, Adelino Lucas e a mulher Lídia Lucas tomaram a decisão de regressar a Portugal para gerir o negócio. “A minha mulher passou aqui grande parte da mocidade. Regressar e assumir o negócio dos pais foi encarada como a decisão mais acertada”, recorda. No entanto, era necessário modernizar o espaço e o casal colocou mãos à obra e realizou obras de restauro e requalificação no espaço. “Foi uma obra profunda pois era preciso dar uma nova vida ao espaço. Embora a mercearia também tenha sido intervencionada, a maioria das obras teve como foco criar o atual aspeto do café”, explica o comerciante.
E eis que começou um novo ciclo do Café Cruz. Adelino Lucas revela que adaptar-se à vida de comerciante foi desafiante, uma vez que tinha dedicado a sua vida profissional ao transporte de mercadorias. A experiência da mulher, que tinha sido criada atrás do balcão, foi um importante apoio. “Para ela era natural. Sempre com um sorriso no rosto e pronta a ajudar. Fui aprendendo e adaptando-me à vida numa comunidade pequena”, nota Adelino Lucas, recordando os dias em que o café era um vaivém de gente.
Hoje, o negócio está nas mãos da terceira geração, através de Januário Lucas, filho dos atuais proprietários. “A idade já não permite a correria do dia-a-dia, mas também não é fácil afastar a 100%. Sempre que posso venho ajudar, mas sei que o café está bem entregue”, conclui.
Além da cruz se ter tornado a imagem de marca do café, os proprietários acreditam que o espaço poderá ter ficado “abençoado” até porque “onde uma coisa má acontece outras boas também acontecem”.