Sábado, Julho 12, 2025
Sábado, Julho 12, 2025

O Vírus da Fronteira

Data:

Partilhar artigo:

Há duas semanas estávamos a apanhar o avião para Madrid quando, no check in, gerou-se uma algazarra. Todos os que não tinham teste PCR – incluindo portugueses e residentes em Portugal – estavam impedidos de embarcar para Lisboa, onde residem. Trata-se de viagens em trabalho, essenciais e com comprovativos do empregador. Não podem. A DGS/Governo assim o decidiram. O teste custa entre 60 a 170 euros, consoante o tempo do resultado e o laboratório. Trata-se, portanto, de um vírus com classe – quem tem dinheiro pode continuar a trabalhar, quem não tem fica em terra. E fica sem dinheiro porque deixa de trabalhar. Várias destas pessoas trabalham e viajam todas as semanas entre países, a isto acresce que foram impedidas de regressar ao seu domicílio e ao seu país!

O Aeroporto de Barajas já tinha destinado um trabalhador infeliz a ouvir queixas e gritos. Não vou entrar na discussão científica sobre as variantes – muitos defendem que as variantes mais contagiosas são menos perigosas, outros diferem – em Portugal há uma correlação entre o aumento da variante inglesa e a diminuição de mortes. Mas a questão é: como manter a ilusão de que mantendo toda a produção industrial e comércio a funcionar, em sociedades urbanas, seria possível fixar uma fronteira e um passaporte a um vírus?

Todos nos recordamos da fila de camiões, com os camionistas longe da família no Natal, para a EU e o RU medirem forças antes do Bréxit, supostamente contra a variante inglesa, que – um mês depois – já estava espalhada no Continente. Na Baviera e em vários locais na Europa houve mesmo decisões judiciais que impediram a exigência de PCR, demonstrando o óbvio – isso impede as pessoas de trabalharem, e muitas delas vivem e trabalham entre países na EU. A EU que até há um ano não tinha fronteiras…lembram- se? Hoje pede PCR aos seus cidadãos para viajar em trabalho. Isto, claro, em aeroportos. Porque não pude deixar de escutar um Senhor de farda azul dizer “tente ir por terra, não fui eu que disse”.

Região de Cister - Assine Já!
AD Footer
Artigo anterior
Próximo artigo

Artigos Relacionados

Rodas d’Aço entregam cerca de 700 quilos de comida a famílias carenciadas

A associação Rodas d’Aço Motor Clube recolheu 690 quilos (!) de excedentes alimentares durante os nove dias das...

Armazém das Artes expõe as telas que o mar “dá” a Dino Luz

As telas que o mar dá a Dino Luz vão estar em exposição na galeria do Armazém das...

André Luís vive sonho como fisioterapeuta do Athletic Bilbao

Festejou os títulos de campeão nacional enquanto fisioterapeuta do Sporting, nas temporadas 2020/2021 e 2023/2024, mas quis o...

Atletismo: Beatriz Castelhano correu para o ouro nacional

Se dúvidas houvesse, já poucas restarão: Beatriz Castelhano (Arneirense) sagrou-se campeã nacional de 100 metros, no escalão de...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!