Sexta-feira, Abril 19, 2024
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Hermínio Rodrigues (PSD/Alcobaça) em entrevista

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O pataiense Hermínio Rodrigues chegou a vereador no primeiro elenco de José Gonçalves Sapinho, em 1997, e permaneceu ao lado de Paulo Inácio nos últimos três mandatos. Nas eleições autárquicas de 2021 é o candidato do PSD/Alcobaça à Câmara.

A fixação dos jovens na cidade de Alcobaça é uma das principais bandeiras eleitorais do candidato do PSD à Câmara de Alcobaça, que há 24 anos acompanha a “máquina” da autarquia. 

REGIÃO DE CISTER (RC) > Depois de 24 anos enquanto vereador da câmara de Alcobaça, ainda há energia, vontade e ideias para assumir uma candidatura a presidente de câmara?

Região de Cister - Assine Já!

Hermínio Rodrigues (HR) > Se não existissem ideias não estaria a apresentar uma candidatura. E faço-o por outras razões. Em primeiro lugar, pelo convite que me foi formulado pela comissão política, a quem quero dar uma palavra de apreço. Outra das razões fundamentais para me candidatar é o gosto pelo serviço público, que me permite uma maior proximidade com as nossas gentes. Este serviço público tenho de realçar porque, de facto, foram 24 anos a servir as pessoas. Em segundo lugar, considero que tenho experiência para dar continuidade ao projeto dos 24 anos do PSD. Falo essencialmente no desenvolvimento e projeção das freguesias, da melhoria de qualidade dos serviços municipais e da criação e renovação de infraestruturas que correspondam às necessidades da população. Em terceiro lugar, candidato-me pela capacidade que sei que tenho em liderar uma equipa capaz de projetar o presente e o futuro, sempre em prol do bem estar dos munícipes. 

“O vereador é mais um executante e um presidente é um pensante”

RC > Os 24 anos são vistos, então, como uma mais-valia e não como uma penalização?
HR > A experiência existe e a verdade é que é completamente diferente ser vereador ou ser presidente de câmara. O vereador é mais um executante e um presidente é um pensante. 

RC > Concorda com a limitação de mandatos aos presidentes de câmara?
HR > Concordo. 12 anos chega para executar projetos. Os vereadores é diferente porque acabam por serem executante da estratégia do município. A estratégia é conjunta, mas acima de tudo tem um líder. 

RC > Que projetos não foram concretizados por José Gonçalves Sapinho ou por Paulo Inácio que gostaria de ver concretizados?
HR > Tanto Gonçalves Sapinho como Paulo Inácio tentaram fazer o melhor para as populações. Claro que não foi tudo feito, porque os meios financeiros também se esgotam. Vamos assentar a nossa candidatura em três linhas-mestras: a felicidade, o património e a economia. O nosso projeto está muito ligado à sociedade civil: o próprio candidato à Assembleia Municipal [Carlos Marques] vem da sociedade civil. O futuro do nosso concelho passa, em primeiro ligar, pela felicidade. Queremos fortalecer o acompanhamento dos artistas locais. O concelho de Alcobaça é rico nesta área, temos artistas espalhados pelo país e pelo mundo e temos de os chamar. Queremos  criar dois grandes eventos: um ligado à Maçã de Alcobaça e outro que vamos chamar de festival da convivência. Além da cultura temos mais três eixos na área da felicidade: o bem estar, o apoio social e o desporto. Vamos tentar ser inovadores, criando o programa municipal de saúde e bem estar. Desejamos dar continuidade à criação de percursos pedestres e criar percursos de BTT, que está muito em voga e que também se insere no turismo. O município fez um grande esforço na vertente social. Somos dos municípios que temos praticamente todas as áreas cobertas a nível social, mas há uma que temos de dar especial atenção no presente eno futuro: a captação de jovens. É verdade que, segundo os últimos dados, não estamos a perder muita população, mas mesmo assim perdemos alguma. Os jovens hoje em dia não têm capacidade para comprar uma casa por 200/300 mil euros. Essa vai ser a grande aposta deste mandato. Na área social, pretendemos também estar muito próximos das IPSS e das instituições com caráter social. Se precisam de apoios, a Câmara tem de estar próxima para ajudar.  Hoje o concelho de Alcobaça não tem grandes problemas sociais porque também temos associações fortes que nos dão essa resposta. No Desporto, ambicionamos dar continuidade à formação desportiva dos nossos jovens, já o fazemos mas queremos ampliar, também com uma aposta na requalificação das infraestruturas desportivas, nomeadamente do Estádio Municipal que necessita urgentemente de obras. Sobre o território, temos que estar atentos porque os concelhos são muito competitivos, temos de saber valorizar o que é nosso para evitar que a população procure outros lugares. É preciso valorizar o ambiente, através dos percursos pedestres. Temos condições para ter mais bandeiras azuis, que são fundamentais para o turismo de excelência. Temos de dar o exemplo na substituição progressiva da frota automóvel do município a nível de veículos elétricos. Dar continuidade ao projeto de educação ambiental nas escolas. Queremos criar um investimento anual no âmbito do saneamento básico e aqui queremos ser inovadores. Além das redes normais, criar também projetos pilotos de fossas sépticas porque há zonas em que é impensável chegar com saneamento básico. A nível de coesão territorial, pretendemos olhar o território com oportunidades para todas as pessoas e aqui é fundamental envolver as freguesias. Queremos criar uma ciclovia que una todas as freguesias. Arranca em Alcobaça e termina em Alcobaça. Outro dos pilares é o património. Queremos dar continuidade à valorização do património histórico. Não podemos ter um hotel de 5 estrelas e depois ter um jardim ao abandono ao lado. Também queremos olhar para o Mosteiro de Coz e assim criar rotas que fixem cá as pessoas. O último eixo é a economia e aqui também queremos ser inovadores com a criação do gabinete empresarial, de forma a estarmos próximos das empresas. Temos cerca de 4% de taxa de desemprego e isso não se deve ao município, deve-se ao empreendedorismo e empresários que criam riqueza ao concelho. Estamos a pensar em criar uma marca institucional. 90% das empresas são exportadoras, ou seja, temos de valorizar o território e levá-lo aos quatro cantos do mundo. Depois temos a parte da inovação e transição digital, e aqui queremos aprofundar a digitalização dos serviços municipais com a valorização dos funcionários. Queremos expandir a rede Wi-Fi em todo o concelho, assim como a rede de fibra ótica, e transformar espaços existentes nas freguesias em espaços coworking e desta forma, tirar os jovens de casa e levá-los a aproveitar o nosso território. Pretendemos criar ainda um campus, criar um espaço de investigação na área agrícola, gastronómica e tecnológica. Queremos dar continuidade ao projeto de mobilidade suave que está a ser executado. Funciona tudo como uma agenda e simultaneamente estamos a criar uma proximidade com os agentes turísticos.

“Os objetivos são muitos diretos: a felicidade das pessoas, a proteção e coesão do território, a força da economia”

 

RC > O saneamento básico será uma prioridade?
HR > No saneamento básico, não nos têm permitido no último quadro comunitário a realização de candidaturas, que são obras caras por natureza, e nós fizemos algumas obras no último mandato, nomeadamente em Alfeizerão…mas tem de haver fundos comunitários para ampliação da rede, o que não conseguimos com fundos próprios.

RC > O processo dos centros escolares continua por resolver, com um processo em tribunal no qual é arguido. Esta questão pode assombrar a sua candidatura? 
HR > Não. Este processo começou em 2008 no âmbito da execução da carta educativa do município, no qual estava explícita a necessidade de construção de vários centros escolares no concelho. À época, havia alunos a ter aulas em contentores e não podemos esquecer essa realidade. Mais de 1000 crianças beneficiaram destas condições condignas de aprendizagem. É verdade que a criação da parceria resultou num processo que me constituiu arguido e sobre este processo quero afirmar peremptoriamente que estou de consciência tranquila. O meu propósito foi sempre o de defender os interesses comuns e sobretudo os do concelho de Alcobaça. Quero deixar bem claro que não me são imputadas na acusação quaisquer ilícitos de corrupção ativa ou passiva, nem elencados quaisquer factos que indiciem ter recebido benefícios ou vantagens patrimoniais. Isto é uma questão de honra para mim. Se isto existisse, hoje não era candidato à Câmara de Alcobaça. Nos locais próprios irei mostrar a minha inocência. Os alcobacenses sabem que as escolas estão a funcionar, houve da parte da IGF uma proposta de dissolução da Cister e aí a ideia é o município adquirir os bens à Caixa Geral de Depósitos. Têm existido reuniões com a CGD nesse propósito e há propostas já feitas. O município neste momento está equilibrado e tem condições financeiras para adquirir estes bens. No próximo ano temos condições para resolver esta situação.    

“É verdade que a criação da parceria resultou num processo que me constituiu arguido e sobre este processo quero afirmar peremptoriamente que estou de consciência tranquila”

 

RC > Não é utilizador de redes sociais. É uma defesa ou uma falha? 
HR > Muito se fala das redes sociais, mas temos de ter cuidado. O que se faz nas redes sociais é, essencialmente, exposição, mas ninguém tem de saber se estou de férias ou onde vou almoçar. Uma coisa fundamental é, sim, a comunicação. Mas essa comunicação deve ser institucional e não pessoal. Não gosto nem nunca gostei de me expor, sou um homem pacato e de família, nunca fui pessoa de Facebook, mas sou um homem de tecnologias. Consigo demonstrá-lo. Em dois anos demos um salto qualitativo no município. No âmbito das obras particulares estamos a funcionar quase como ninguém. E a nível tecnológico estamos muito à frente de municípios da região. 

RC > Acredita que o PSD vai manter a maioria absoluta? 
HR > Claro que é possível manter a maioria absoluta, mas quem manda nos movimentos eleitorais são os munícipes. O nosso trabalho é pensar na maioria absoluta, até porque os objetivos são muitos diretos: a felicidade das pessoas, a proteção e coesão do território, a força da economia. Temos condições para ter essa maioria absoluta, porque juntos somos mais fortes, esta é a história de Alcobaça e contem comigo para continuar esta grande história. Sempre aqui estive, estou e estarei.

“Considero que tenho experiência para dar continuidade ao projeto dos 24 anos do PSD”

 

RC > A corrida eleitoral em Alcobaça já vai com 7 candidaturas. Pode ser vantajoso para o PSD?
HR > O que pretendo é que as pessoas votem. Por um lado, é bom que existam muitas candidaturas. Se isso for fundamental para colocar as pessoas a votar e promover mais debate de ideias será bom. O que estamos a propor não é uma utopia, é uma realidade. E temos condições financeiras para o executar.

RC > A perda de influência política de Alcobaça é notória. A nova NUT poderá reposicionar o concelho?
HR > O peso político passa pela dinâmica dos partidos. A dinâmica que quero colocar em prol das nossas gentes quero também colocar em prol do partido. A regionalização está em cima da mesa e Alcobaça tem de se saber posicionar-se. A nova NUT pode trazer-nos mais centralidade. Alcobaça está bem na CIM Oeste. Somos o segundo município do Oeste com mais fundos comunitários. Mas, Alcobaça tem outro problema que é a centralidade da sede de concelho e é para aqui que temos de olhar. Quando falamos da habitação para os nossos jovens, temos de fixar na nossa cidade. As políticas que trazemos é no sentido de criar essa centralidade, porque além de ganhar a cidade também ganham as freguesias. É claro que pode haver polos, na Benedita ou em Pataias, mas o arranque tem de ser na cidade e a cidade tem de ter gente. Se queremos um comércio a funcionar temos de ter gente para isso. Porque a nível turístico temos gente, mas temos de ter inteligência de alterar o paradigma.

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